sexta-feira, 26 de julho de 2024

Puma - suçuarana ou onça-parda

Sentada na fresca relva com os olhos perdidos na imensidão do céu azulado de minha Itaparica, podendo sem qualquer esforço ouvir os sons da vida, lá estava eu, apenas sorvendo o tudo de bom, deixando a mente voar entre projetos e lembranças, num vai e vem sem pressa, mas contínuo de imagens, quando, de repente, lá está ela, vindo silenciosa e felinamente em minha direção.

Fazer o quê?

Olho ao redor, nenhum abrigo se avizinha...

Correr pra onde?

Ainda aturdida, lembro da Serra da Piedade, onde residi por oito anos, sempre temerosa de uma certa onça que diziam existir por aquelas bandas...


Nunca vi ou conheci alguém que tenha visto, mas nem por isso, o medo em encontrá-la era menor...

Por que agora e ainda mais em sonho?

Terá ficado tatuada em meus temores mentais, representado o sempre risco existente no apenas, viver?

Tão enormemente real, vindo lentamente em minha direção...

Acordei agarrada ao galho da árvore que até a pouco, servia-me de espaldar para o corpo cansado, enquanto, desfrutava da paz existencial, arduamente conquistada através da superação das perdas, dores e decepções, tendo lá embaixo, mas tão próxima, a fera, preparando-se para a mesma escalar, na busca persistente de seu farnel diário.

Acordei, antes de senti-la devorando-me, decidia a não mais me envolver com esta parafernália de interesses escusos que chamam de política partidária, onde as feras protagonistas fingem-se de pumas, onças pardas ou suçuaranas, não passando de carcarás que mesmo saciados, continuam insanamente, buscando mais e mais, numa fome incessante, num desvario alucinante...

Regina Carvalho- 26.07.2024 Itaparica

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