TEXTÃO
O princípio básico da comunicação é que o emissor (quem vai se comunicar) envie a sua mensagem (o objeto da comunicação) de forma clara para o receptor (quem irá receber a informação), e este a receba sem ruídos ou com perda de informação.
Ou seja, quem se propor a falar tem de ser claro, informativo e didático para que quem for ouvir receba a mensagem de forma que entenda a mesma em sua plenitude. E é aí, que está autorizada a importância das analogias, metáforas e parábolas.
Parece fácil?
Mas não é! O maior problema do ser humano é se comunicar, pois boa parte das confusões e perda de desempenho é porque as partes envolvidas no processo de comunicação (emissor e receptor) não se alinham de forma sinérgica, ou seja, não se entendem por completo.
A metáfora é uma figura de linguagem que usa uma coisa para significar outra. Já a analogia é um argumento mais lógico. Ao fazer uma analogia, você mostra que duas coisas são semelhantes, como nesse exemplo: “A vida é como uma caixa de chocolates, você nunca sabe o que vai encontrar.” Forrest Gump.
O conceito de analogia surgiu na Grécia antiga, sendo seu emprego familiar entre os sábios gregos e seus discípulos. Seu poder é imenso, pois pode incluir as similitudes visíveis, maciças, das próprias coisas, como as semelhanças mais sutis das relações.
Portanto, analogia é a comparação direta e explícita entre entidades diferentes — seres, objetos, conceitos, ações e/ou experiências —, focando na semelhança entre eles. No entanto, essa aproximação se dá de maneira particular, subjetiva e em um contexto bastante específico.
Um bom exemplo de analogia é a frase “Para muitas pessoas, a felicidade é semelhante a uma bola: querem-na de todo jeito e, quando a possuem, dão-lhe um chute.”. Veja, são apresentadas duas ideias que, a princípio, não parecem ter nada em comum, e, em seguida, se estabelece uma relação entre elas.
Dentro da retórica, há várias figuras que utilizam a analogia para a sua construção.
Nas metáforas, comparam-se dois campos distintos através de uma relação de semelhança, tratando-se de metáforas impuras, os dois elementos estão explicitamente presentes; O resultado é uma comparação mais evidente, tal como: "ela é um anjo", nas metáforas puras, ao contrário, um substitui o outro. Por exemplo; “Amor é fogo que arde sem se ver.” Camões, Soneto 005
Jesus em sua peregrinação, usou e abusou deste tripé de reforço em suas comunicações, sacramentando-as como parte fundamental das comunicações em todas as áreas das interações humanas, ficando claro, o sucesso operacional de seu uso, na obtenção dos entendimentos que o emissor deseja que os receptores recebam, absorvendo da forma mais simples e esclarecedora possível.
Parábola é uma pequena narrativa que usa alegorias para transmitir uma lição moral.
As parábolas são muito comuns na literatura oriental e consistem em histórias que pretendem trazer algum ensinamento de vida. Possuem simbolismo, onde cada elemento da história tem um significado específico.
Algumas das parábolas mais famosas são as parábolas bíblicas, especificamente as parábolas de Jesus. Trata-se de histórias com elementos comuns da cultura daquele tempo que tinham como objetivo ensinar coisas sobre o Reino de Deus. Entre as parábolas de Jesus, algumas das mais conhecidas são a parábola do filho pródigo, parábola dos talentos, parábola do semeador, parábola do trigo e do joio, etc.
Creio que estes recursos preciosos da comunicação me fascinaram desde sempre, mesmo, quando ainda criança e sequer poderia entender a existência preciosa da fundamental filosofia e seus pensadores, para a narrativa complexa da caminhada humana e muito menos a real autenticidade das mensagens deixadas por Jesus, a meu ver, o mais sábio dentre eles.
E aí, enquanto, sentada no saguão do HGI, aguardando ser atendida, afim de atenuar a dor lancinante que me consumia fazia dois dias e vendo desfilar diante de meus olhos, uma gama diferenciada de seres humanos, cada qual, buscando alivio de sua própria dor, já que, aquele hospital é o primeiro e para a maioria o único acesso disponível, minha mente comparativa, levou-me aos saguões de outros tantos, mais requintados e exclusivos, onde pude recorrer em épocas distintas de minha jornada vivencial, onde os propósitos eram os mesmos, não havendo planos de saúde, contas bancárias, cor da pele ou gênero que atenuassem as ânsias individuais do apenas, encontrarem o bendito alívio.
Analogias, metáforas e parábolas bíblicas ou não vieram em minha mente, como num rolar disparado do filme de minhas experiências pessoais e mais uma vez, entre as dores e a ânsia do alívio, pude constatar o quanto, pessoas supostamente, capazes em desenvolver a lógica racional, nem mesmo em meio ao domínio do próprio flagelo, fora do alcance individual de alívio, é incapaz de mensurar com a devida empatia, a dor do seu semelhante e ainda ser capaz de crer-se merecedor mais que o outro do bendito socorro imediato, o mesmo ocorrendo com a sensação real da fome, da educação, do abrigo seguro e digno, esquecendo-se da preciosa segurança, hoje inexistente e devastadora, sem critérios quanto aos seus alvos, que a falta da consciência humanitária sempre promoveu.
Penso então, as 2.30h desta madruga a de domingo que a constante individual resistência aos valores devastadores que dividem e flagelam desde as mais reduzidas comunidades como a nossa Itaparica às mais expressivas metrópoles deste Brasil e do restante deste mundo, alardeado ser de Deus, é capaz de manter pulsando as intenções, geradoras de emoções e estas, gerando ações e reações, garantindo que a empatia em relação a vida, se mantenha viva e saudável, que eu e você que me lê, também identificamos como expressões amorosas, mesmo em meio a própria dor.
Pesquisa, adaptação e narrativa de Regina Carvalho- 21.07.2024 Itaparica
Nenhum comentário:
Postar um comentário