segunda-feira, 29 de julho de 2024

QUEM SOMOS?

Meus sonhos mesmo não lembrados na sua integralidade, deixam rastros que permanecem bem acentuados em minha mente, tão logo abro os olhos, como se fossem fagulhas de emoções que me inspiram e que geralmente me remetem a outras lembranças relacionadas que de alguma forma, moldaram o que sou, mas afinal, o que sou?

Penso que passei por tantas adaptações, frente as circunstâncias que exigiram de mim, por questões de sobrevivência de valores e ideais, reformas imediatas, não sem também, silenciosamente, resguardar um pedacinho da originalidade da qual, necessitava como se fosse, uma aragem fraca para ser notada, mas poderosa para me mantér acreditando que a vida era mais que as babaquices que me cercavam.


Será assim com as outras pessoas ou apenas, com criaturinhas esquisitas como eu?

Conversando assiduamente com o meu não menos esquisito adorável amigo francês velejador, Francois Starita, cuja mente artística e sonhadora partilha com a minha os caminhares existenciais, chegamos a dura conclusão do quanto é difícil a adaptação sistêmica, quando nossas mentes e almas se sentem mais livres, quando, navegamos na espiritualidade, afinal, é por lá que buscamos os recursos emocionais que nos fazem suportar colorindo as grades e cercas de um cotidiano repetitivo e absolutamente chato que, vez por outra, afrouxa a segurança, permitindo-nos extrapolar os limites da hipocrisia.

Enquanto ele navega, filma e fotografa as reais maravilhas desta vida, por aqui, com o corpo preso ao solo, libero a mente e escrevo, digitando todo o belo visto, ouvido e sentido, usando as asas de minhas borboletas e pássaros, até mesmo, para adentrar na alma daqueles, cuja sensibilidade, me foi possível observar, nas raras vezes em que rompi as correntes e como uma alucinada, joguei-me em experiências incríveis...

Como daquelas vezes em que fiz amor com o meu Roberto nas redes das varandas de nossas juventudes, temendo sermos flagrados por meus pais ou, quando comemos piranha na brasa e bebemos cerveja nas margens do rio Araguaia no Pará em plena ditadura militar, criando naqueles momentos, um mundo genuinamente só nosso e inesquecível!!!

Então, penso que não sei quem sou, além do que me permiti ser...

E quem de verdade, sabe quem é?

Regina Carvalho- 29.07.2024 Itaparica

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