O vento está soprando lá fora e tudo me remete a um filme de suspense com vistas ao terror. Cruz credo!
O céu está acinzentado e bem escuro, desde muito cedo, mas em momento algum choveu e aí, sozinha escrevendo e tendo diante de mim, assim como de meu lado direito janelas e portas de vidro, posso a cada instante, mirar este tempo pra lá de esquisito que não muda seu aspecto assombrado desde que aqui cheguei em 27/09, atendendo aos insistentes apelos de minha filha.
Volto com a minha memória ao ano de 1971, quando pela primeira vez em minha vida, deparei-me com ventos aterrorizadores em Brasília, ainda muito descampada na Asa Norte, onde fui morar e que determinou o meu horror por aquela cidade.
Incrível é o efeito devastador do vento forte em minha mente, levando-me não mais a ter medo, como dantes o fez, mas a uma introspecção profunda, reavaliações significativas que certamente, devem se refletir em meus textos e mesmo, na fisionomia e jeito de me comportar fisicamente.
E aí, em meio a este turbilhão emocional e vivencial, ainda sinto que preciso me preparar para o surreal que está prestes a se apresentar, reconhecendo que, jamais estarei preparada para os terremotos e maremotos que ocorrerão após, 30 de outubro de 2022 no meu país, se a esquerda vencer o pleito, sem que haja outra alternativa, além de presenciar a derrocada de uma nação lindamente poderosa e de seu povo submetido ao silêncio não dos inocentes, mas da total ignorância pátria, moral e ética.
Penso então, que mesmo apenas intuitivamente, ainda muito criança fui construindo um mundo paralelo habitado por pássaros e borboletas, aromas, texturas e sabores da natureza para nele me abrigar e me alimentar de energias naturais desta vida que reconheci de imediato ser simplesmente bendita.
Recusei-me a permanecer inserida neste nebuloso mundo competitivamente sórdido e devastador, quando me percebi crendo que tudo era normal e aceitável, desde que eu estivesse acobertada por um direito pessoal que cria merecer em detrimento de um tudo mais que me cercava.
Em dado momento, a cortina da conscientização se abriu e pude enxergar ao ponto de a luz da compreensão quase que cegar-me então, fugi loucamente e pelo caminho fui despindo-me das vestimentas de minhas vontades e direitos que achava que me pertenciam e a cada instante, sentindo-me mais e mais livre e serena.
E agora, décadas depois, cá estou despida e livre, tendo que assistir a uma batalha cruel e determinante, quanto aos rumos que o meu Brasil tomará a depender da lucidez de seu povo e então, preparo-me, pois temo que a minha nação, através de seu povo, não se despiu em tempo hábil da sutileza grudenta e mafiosa da ganância humana que compete e sempre ganha dos tigres e dos carcarás.
E o vento sopra lá fora e na minha alma também, arrepiando-me a mente e as esperanças...
E nem a Deus posso recorrer, afinal, ele nos deu o livre arbítrio para ter e ser o que bem desejássemos...
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