Neste amanhecer tento escrever sobre política e, simplesmente escrevo e apago, tentando fazer comparativos em minhas memórias.
Na realidade e inutilmente, reconheço que busco me iludir na comparação, na análise e no desejo, já que não fazem mais sentido em minha mente e alma, diante deste cenário surreal para a minha compreensão de humanista, apaixonada pela vida.
Simplesmente, não sei se estou cansada ou desanimada de após, já ter vivido tanto, ainda ser obrigada a vivenciar in loco, todo este retrocesso que vai além de uma disputa política.
Percebo que através de induções sucessivas, onde os valores fundamentais de sustentabilidade do equilíbrio social, foram se desgastando silenciosamente, a marginalização do caráter, foi lentamente brutalizando as mentes das pessoas, transformando-as em armas e isso, me assusta, angustia e rouba de mim a esperança e eu, relutante, resisto, mas constatando que estou absurdamente sofrida.
Quero e preciso acreditar que seja qual for o resultado do pleito do próximo domingo, tudo voltará ao normal, mas ao mesmo tempo, sei que estou divagando, até porque, o que considero normal, não o é para outros e aí, sinto que a polaridade astuta e maligna que foi sendo inseminada e estimulada, até mesmo nos mais longínquos rincões de meu país, na realidade foram bombas silenciosa e invisíveis que adentraram nas mentes, acirrando as diferenças e adulterando qualquer lógica de convivência minimamente harmoniosa, astutamente em prol de se diminuir a já brutal diferença de oportunidades.
Ao contrário, malignamente estimularam o ódio.
Nada mais será como dantes, como não o foi, depois de 1964, afinal, mesmo não conseguindo mensurar na época o que verdadeiramente ocorria, já que eu era apenas, uma menina, podia no entanto, reconhecer as evidentes mudanças nos comportamentos antes descontraídos e amistosos e depois, timidamente reservados, mas nada que se compare ao que vivencio hoje, onde a agressividade, a falta de respeito, a ousadia e a total incapacidade de raciocínio lógico comparativo, cortam como espadas invisíveis, mas mortais, todas as convivências e possibilidades de se poder enxergar um lugar ao sol.
Neste instante, na companhia das teclas do notebook e de minha natureza amorosa, escrevo ouvindo a sinfonia dos pássaros que insistentemente gentis, não me deixam esquecer que além da bestialidade humana, a vida é bela, sensível, mestra por todo o tempo mãe, sempre disposta a nos acolher para que possamos deitar nossas consciências em seu bendito colo.
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