terça-feira, 11 de outubro de 2022

LÓGICA... O que é isso?

Em dado momento de minha vida, quando ainda na adolescência, minhas amigas pediam fotos autografadas de Roberto Carlos, por saberem que meu irmão gravava e mixava seus discos ou quando, pela TV assistia as fãs em imenso desespero chorarem de emoção diante de um artista num show qualquer, meus olhos enxergavam, mas minha mente não processava, assim como a princípio por pura intuição, esgueirava-me sorrateiramente afim de fugir das reuniões de grupos políticos de colegas, fosse na faculdade, fosse nos jornais onde trabalhei, onde o assunto era a tal, defesa da democracia.

Na minha mente a relação com qualquer tipo de idolatria, não fazia o menor sentido, assim como lutar pelo que eu já desfrutava, menos ainda e aí, discretamente saía fora, se bem que em minha mente e nos meus escritos, a luta pela igualdade de direitos dos seres humanos, como a preservação da vida através da não violência na devastação na época de importantes miomas da Mata Atlântica, sempre se faziam presentes.

Afinal, eu não precisava ser especialista nisto ou naquilo para constatar os desmandos e a indiferença sempre absurda na divisão das classes sociais, e no que humanamente era certo ou errado em relação a qualquer aspecto humano.


Esses discursos continuaram, os ídolos envelheceram ou morreram, os líderes pró democracia em sua maioria ao longo do tempo se aliaram aos supostos inimigos da Democracia, cada qual, juntou muito bem juntado seus farnéis monetários antidemocráticos, distribuindo migalhas  ao seus entornos e agora, como nos velhos tempos, novamente a ladainha recomeçou, tão logo, lhes foi tirado o poder de mando e desmandos públicos, arrastando com eles, uma multidão ora de idólatras, ora de carcarás esfomeados, gritando DEMOCRACIA JÁ, tal qual há sessenta anos passado, continuando a me deixar sem entender, porquê, mesmo esculhambada e esquecida com as traças, ela sobrevive e ainda, serve de palco para que em praça pública, urine-se na figura de Cristo, esfacele-se a imagem de N. Senhora, se enfraqueça, através dos roubos dos cofres públicos e se mantenha de pé, quando as suas instituições se unem para rasga-la em decisões fraudulentas.

Ora, ou sou uma tremenda estúpida que nada compreendo ou estamos vivendo uma era de loucuras, onde verdadeiramente, grande parte do povo desconhece o que seja uma DITADURA e muito menos reconhece o que é viver em liberdade Democrática.

O que fui percebendo é que induziram maliciosamente os excluídos, a misturando luta por direitos de classe, raça ou credo com a busca de uma democracia, até ao ponto dela precisar ser protegida pelas forças armadas.

A nossa ditadura era tão violenta que aceitou cair fora, numa tentativa infantil de que os opositores da real Democracia, haviam aprendido a lição e que iriam transformar a nação brasileira naquilo que ela realmente merecia ou seja, um celeiro gigantescamente rico de oportunidades para todo o seu povo.

Pois é...

Trinta e quatro anos depois de promulgada a nova constituição que tinha como propósito solidificar a Democracia, tenho observado a mesma se transformar em cartilha manipulável das autoridades de plantão, abrindo brechas para toda e qualquer “distorção pátria, acompanhado dos mesmos gritos de um passado relativamente recente dos mantenedores do engodo manipulador das massas menos favorecidas. 

Enquanto isso, a pobreza se perpetua entre diplomas universitários, a ignorância de direitos se confunde com libertinagem explicita e a miséria se multiplica como zumbis drogados que vagam pelas praças e calçadas de um Brasil sem qualquer maior senso real de pertencimento e muito menos de humanidade.

Nunca "O Navio Negreiro" de Castro Alves esteve tão dolorosamente atual.

Auriverde pendão de minha terra, 

Que a brisa do Brasil beija e balança, 

Estandarte que a luz do sol encerra 

E as promessas divinas da esperança... 

Tu que, da liberdade após a guerra, 

Foste hasteado dos heróis na lança 

Antes te houvesse roto na batalha, 

Que servires a um povo de mortalha!...

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