segunda-feira, 25 de outubro de 2021

VIVENDO E MORRENDO FELIZ...

Dos sessenta aos setenta, a deterioração física é tão rápida e visível que não dá para disfarçar, então, tudo que resta é ir aprendendo a conviver com esta realidade que só piora, mas que pode também ser deixada de lado em prol de um estímulo que podemos desenvolver diante do irreversível, transformando o viver num contínuo gozo, onde tudo e todos precisam ser sorvidos com o entusiasmo de um delicioso banho de mar, num encalorado verão.


Não podemos aos setenta nos fazer de rogados e muito menos adiar isto ou aquilo, tudo precisa ser provado enquanto é tempo, mas devagar, bem devagarinho como se tivéssemos todo o tempo do mundo.

Me faço entender?

E aí, neste final de domingo, penso na sacanagem da juventude onde tudo é lindo e intenso, mas falta a consciência da brevidade do tempo e como loucos desperdiçadores, jogamos segundos, minutos e intermináveis horas, literalmente fora, numa perda irrecuperável e quando, finalmente nos atemos ao filho da mãe, cá está ele, abusadamente correndo numa disputa safada com quem não aprendeu a lidar com ele.

Pois bem, comigo o negócio é mais embaixo, afinal, se não posso estica-lo e tão pouco frear seus estragos, abuso descaradamente dele, mostrando “à merdinha” que posso aproveitá-lo sem descanso, usufruindo de cada instante, como se fosse não o ultimo, mas o precioso único que me cobre de prazeres e ainda registro nas redes e em livros, tudinho, nos mínimos detalhes, para quem queira copiar.

O negócio é o seguinte: Aos setenta, depois de já ter enterrado a família inteira, a juventude e mais da metade dos amigos, nada é mais importante que ser feliz.

Simples assim...

E esta felicidade pode ser inclusive não fazendo absolutamente nada, num desfrute da tal vagabundagem consciente, aonde só vale fazer planos para os instantes seguintes ou tão somente, cometer em delírios empíricos ou mentais, todos os pecados deliciosos que por estupidez, não tivemos tempo, tempos atrás, para colocar em prática.

O que vão pensar de mim?

Fodam-se... Morram mumificados em suas carcomidas verdades pessoais, pois enquanto isso, viverei e se morrer, morrerei feliz...

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