Este é o quinto dia que amanheço e ao sentar diante do notebook, apesar de ter duas grandes janelas que me permitem ver o céu, não tenho o meu bendito verde com o qual, passei a vida inteira apreciando, sempre se apresentando como uma paisagem nova para os meus ávidos e apaixonados olhos que conseguiam descobrir um novo ângulo, uma nova nuance que tanto me inspirava.
Coloco saudosa o piano com Noturno de Chopin, buscando trazer até a mim, aquele clima bucólico de meu pedacinho de paraíso em Ponta de Areia, onde os aromas adentravam através da pele e do meu respirar, até a minha alma, rasgando todas as resistências ainda existentes para que eu a cada instante, me tornasse mais plena e absolutamente capaz de amar com a liberdade dos pássaros e a leveza das borboletas.
Agora sem o verde, sem a mangueira e a amoreira e sem o cheiro de terra molhada dos naturais orvalhos, a cada amanhecer, busco tenazmente em meu interior já tão abastecido, fragmentos que possam ainda assim, inspirar-me sem reservas.
Diante de mim, lá estão os telhados de uma nova realidade, pouso para os passarinhos, solidão para os meus olhos, consolando-me com uma palmeira cujas folhas farfalham com o constante vento, querendo por todo o tempo, dizer-me algo, talvez quem sabe, pedindo-me paciência na espera de uma nova história, não menos repleta de emoções nestas longínquas paragens que o sempre surpreendente acaso me destinou.
Talvez quem sabe...
A tarde está se despedindo silenciosa e morna...
E a princesa urbana então, como em tantas outras ocasiões, tentando esquecer a falta do verde, deixa os olhos singrarem suavemente pelos mares do azul deste céu incrivelmente belo, que também muito combina com a suavidade do navegar deste piano e desta música bendita que tanto me faz bem...
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