06/10/2021
E aí, enquanto o carro deslizava por alguns bairros em Salvador, mas poderia ser em qualquer outra cidade de outro estado, meu olhar atento ia registrando as imensas diferenças sociais, nos infinitos instantâneos que se apresentavam nas formas de casas, prédios de apartamentos, veículos, pessoas, ruas e avenidas e como o trajeto foi longo, também longas e repetitivas foram as amostragens.
Adentrando na Ilha, nada mudou, afinal, apenas se concentrou num perímetro urbano restrito e comparável a um só bairro de Salvador, apresentando sem disfarces a imensa diferença social que persistente, mantém uma parcela volumosa da população vivenciando uma realidade absolutamente carente de quase tudo e o mais estarrecedor é a não conscientização desta gritante diferença que imprime nos hábitos e costumes a cruel desigualdade que é imposta pelo sistema político/ social. Desigualdade que é absorvida e aceita, como se natural e correta fosse, mantendo a chaga da violência de todos os níveis sempre em crescente evolução.
Diria tratar-se de uma doentia simbiose coletiva...
Penso então, que a utopia de se acabar com as diferenças sociais é puro engodo discursivo, pois as pessoas são diferentes, pensam, aspiram e correm atrás de ideias e ideais absolutamente diferentes, no entanto, em comum todos deveriam compreender as suas necessidades e o direito em alça-las, através única e exclusivamente da igualdade das oportunidades que aí sim, deveriam ser iguais.
Existe um pacote restrito de ações que armazena os meios pelos quais, cada criatura humana poderia se sentir impulsionado a vivenciar sua existência mais harmoniosamente, mantendo sua especificidade, mas usufruindo de maior dignidade pessoal e coletiva.
Nesse pacote, os ingredientes já foram e ainda são pensados e macerados por filósofos nos mínimos aspectos da convivência humana e a conclusão é sempre a mesma, afinal, resume-se em apenas três que são; educação, educação e educação, cada qual, focando um aspecto crucial, afim de formarem pessoas e consequentes cidadãos em “criaturas humanas Justas, honradas e fraternas" e para tanto, existem o direito, a economia e a psicologia”.
Pessoas justas para saberem distinguir o melhor para si e para os demais, num respeito único a preservação das conquistas pessoais e alheias, honradas para que jamais a justiça fosse confundida ou ignorada e fraternas para que não houvesse o esquecimento da respeitosa solidariedade, quanto a importância de si e do outro na manutenção de um espaço pessoal e coletivo harmonioso, onde a observância dos efeitos, fosse o insumo e o limite determinante para a opção de cada ação pessoal com a sabedoria de que é através dela, que as reações se manifestam.
Relendo o que acabo de escrever as três horas desta manhã de um novo dia, penso que nada mais sou, que uma pessoa cuja mente foi respeitosamente abastecida desde a infância quanto, a observância da importância de estar vivendo, tendo um único foco que é a constante reverência a sapiência da mesma, induzindo-me a incansavelmente, assim como infinitos outros, na história evolutiva da humanidade a não desistir em reverberar os meus entendimentos e reconhecimentos desta preciosidade onde estou inserida e que, explicitamente, através das texturas, aromas e sabores, tudo oferece e ensina.
“Precisamos compreender que um baldinho nas mãos e mentes de qualquer criança é capaz de levar o mar do seu mundo cognitivo para qualquer lugar”.
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