Quem dera pudesse escrever sobre tudo,
mas neste amanhecer de sexta-feira
resta-me apenas a sensação
de já ter dito demais.
Repito gestos, palavras,
como quem atira pedras a um lago
e espera ondas novas,
mas elas regressam sempre iguais.
Será que disse o suficiente?
Ou cada vez que falei
perdi um detalhe,
exagerei um silêncio?
As palavras cansaram-se de mim,
gastas pelo tempo,
consumidas pelo excesso,
indiferentes ao meu querer.
Que faço eu,
se nada mais sei fazer?
Talvez amanhã,
menos pessimista,
pinte o amor com novas cores
e encontre alguém que as veja.
Talvez na tarde quase primavera
um sopro de paz se espalhe,
talvez Jesus se revele,
ou talvez apenas o pão quente
com requeijão cremoso
me devolva à memória
as buganvílias da Pampulha.
Humm... delícia,
um instante simples
que vale mais
do que todo o cansaço do mundo.
Regina Carvalho- 19.9.2025 Tubarão S.C
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