Trazia no olhar o espanto luminoso de quem descobre a vida como um jardim inacabado, cheio de cores que a deslumbravam e perfumes que lhe embriagavam a mente. Desde cedo aprendeu a nadar contra as marés, não por rebeldia, mas porque o destino a convocava a resistir.
O mar nunca lhe foi simples. As águas, tantas vezes revoltas, exigiam dela força e coragem. E nesse esforço constante foi forjando músculos e espírito, descobrindo que a resistência se aprende na prática de sobreviver. Houve dias em que o cansaço a derrubou como uma onda brutal. Parecia mortal. Mas bastava um instante de silêncio, um papel em branco e a doce alquimia da escrita para que, de súbito, renascesse inteira.
Escrevendo, nutria-se.
Nutrindo-se, fortalecia-se.
E fortalecendo-se, aprendia a sobreviver.
Com olhos atentos, percebeu que o mundo à sua volta não era apenas feito de beleza. Havia mares que se fingiam serenos, mas escondiam no fundo correntezas traiçoeiras. Sob a calma aparente, havia lágrimas revoltas de uma sociedade ferida, confusa, perdida, que passo a passo se deixava devorar pelos enganos dos falsos prazeres.
Ah, o amor… esse elixir sagrado que, em versos e prosas, não apenas alimenta o coração humano, mas salva os poetas da própria exaustão da existência.
(Regina Carvalho – 29.09.2025, Tubarão – SC

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