domingo, 28 de setembro de 2025

Será que eu deveria?

Custei a sair da cama,

o calor dos lençóis me prendia,

mas o hábito me chamou pelo nome

e, como sempre, obedeci.

O café, o iogurte, as torradas,

pequenos rituais de ternura,

que fazem do meu amanhecer

uma alegria escondida em silêncio.

Hoje, o ciúme bateu à porta,

palavra inquieta, sentimento ruidoso,

mesquinho, dizem alguns,

mas tão humano quanto o próprio amor.

Quem nunca o sentiu, mente.

Quem o nega, carrega em dobro.

E eu, confessa,

abraço a fraqueza com poesia.

Porque tudo passa —

até o mais doce dos queijos

derrete na boca e vira memória.

E o tempo, impiedoso,

leva consigo prazeres e perdas,

deixando-me apenas a escrita

como companhia fiel.

Regina Carvalho- 27.9.2025 - Tubarão S.C



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