sábado, 20 de setembro de 2025

ESTRANHA SENSAÇÃO

Nem triste, nem alegre, apenas desiludida com uma humanidade que tentei compreender e com a qual procurei conviver, mas que, incansavelmente, tem me ferido. Não por golpes visíveis, mas pela desatenção a mim e a tudo aquilo que observei com olhos fascinados.

Humanidade leviana, distraída, interesseira, abusada, egocêntrica e intencionalmente mortífera, se eu não estivesse atenta.


Mar revolto. Lago serenamente enganoso. Rio profundo, sem margens.

Tento e quanto tento transformar essa convivência numa cachoeira de águas fartas e límpidas.

Difícil. Às vezes, quase impossível.

Deus, por que me destes sensibilidade se não há quem a reconheça?

Sinto-me cansada, desiludida, sem esparadrapo para conter esta ferida exposta que arde vida afora.

Até quando me arrastarei por campos que parecem verdejantes apenas ao longe?

Até quando respirarei os aromas de flores que, desesperadas, secam nas contínuas queimadas da indiferença?

Até quando voarei com as asas das minhas borboletas à procura de um céu que só eu vejo?

Até quando, meu Deus, abrirei meu peito e revelarei minha alma dolorida?

Até quando serei naufraga esperançosa neste oceano de águas confusas e revoltas?

Sensibilidade à flor da pele: carrego as dores do mundo sem entender seu propósito, quando tudo, para mim, é afável e pleno de possibilidades amenas.

Até quando, nem triste, nem alegre, apenas eu.

Regina Carvalho — 20/09/2025 — Tubarão, SC

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