sábado, 6 de setembro de 2025

VONTADE VOLUNTÁRIA – Reflexão

São seis horas deste sábado, a caminho da bendita primavera, quando acordei pensando no termo livre-arbítrio (liberum arbitrium), formalmente introduzido pela filosofia cristã no século IV d.C.

A noção já existia na filosofia grega, em pensadores como Aristóteles e Epicteto, que discutiram a capacidade de cada indivíduo controlar as suas próprias escolhas. No entanto, foi Santo Agostinho, bispo de Hipona, um dos primeiros a tratar o livre-arbítrio de forma sistemática, relacionando-o com a liberdade responsável de escolher entre a bondade divina e o mal, consciente das consequências dessas escolhas.


Com base nesta premissa, e após larga experiência de vida, aprendi  mesmo sem conhecer a fundo a filosofia ou a teologia, a assumir responsabilidade pelo meu destino. Nunca culpei o Diabo pelas minhas perdas, nem atribuí a Deus os meus ganhos. Os ônus e os bônus sempre foram méritos ou deméritos meus. Essa consciência resultou num livro que intitulei Deus e o Diabo.

Assim, compreendi que ambos são margens do caminho, mas é sempre a minha escolha que define por onde sigo. Eliminando o papel de vítima, reconheço que o desfrute ou o peso de cada decisão cabe somente a mim.

O livre-arbítrio lúcido eliminou a culpa e o castigo, afastou o arrependimento e trouxe luz ao verdadeiro sentido do aprendizado.

Ontem, ao jantar pizza com meu filho, conversávamos sobre como, cada um a seu modo, reage às pessoas que cruzaram as nossas trajetórias. No fim, tudo, absolutamente tudo é resultado da nossa própria decisão. Até o simples “sim” ou “não” diante de uma escolha banal.

Esta consciência liberta-nos de culpas irreais, de revoltas inúteis e de doenças da alma, revelando que viver é, antes de tudo, ser forte e corajoso para assumir as consequências das próprias escolhas, reservando ao outro a responsabilidade pelas suas.

Simples assim…

 Regina Carvalho, 6.9.2025, Tubarão  SC

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