domingo, 14 de setembro de 2025

Ó DO BOROGODÓ

O domingo amanheceu, e lá estava ela: a palavra borogodó, tilintando na minha mente. Achei curioso, afinal, trata-se de uma palavra antiga, hoje pouco falada, mas que resume tudo de bom que alguém pode ter, sem maiores explicações. Quem tem borogodó não precisa de atributos estéticos exuberantes para se destacar: atrai atenções de forma natural, roubando a cena em qualquer lugar.

Como boa curiosa, fui pesquisar no “Google” a sua origem. Já sabia tratar-se de uma expressão popular, mas não há consenso sobre a região em que nasceu. A verdade é que a irreverência do povo brasileiro deu à luz a esta e a tantas outras gírias, incorporadas ao nosso jeito exclusivo e malemolente de ser e de falar.


Particularmente, por ser carioca e ter ouvido essa palavra milhares de vezes lá pelos anos 50/60, puxo a sardinha para a minha brasa. Imagino que tenha sido criada em algum morro do Rio, em meio a um samba correndo solto, cabrochas rebolando e os homens, no sapatinho, disputando olhares. Até que alguém, em dado momento, disparou:

— Olha aquele cara... ele tem borogodó!

Além de curiosa, sou bairrista e, confesso, sortuda. Enquanto pesquisava, encontrei essa preciosidade popular até no voto do Ministro Gilmar Mendes, no julgamento do então juiz e ex-ministro Sérgio Moro. Na ocasião, afirmou que Moro foi parcial ao julgar Lula e, referindo-se a ele, soltou a pérola: “Ninguém pode se achar o ó do borogodó”.

Rapaz, a história se repete. Afinal, bem poderíamos dizer que o atual ministro do STF, Alexandre de Moraes, é o homem do “ó do borogodó” e não pelo charme, convenhamos, mas pela vaidade e pela forma de se impor, ainda que contestada. Como frisou o velho colega de toga, resta-nos aguardar o final da história.

E eu, cá comigo, penso: frustrada ou não, bem que gostaria de ter borogodó.

E você? Tem?

 Regina Carvalho – 14/09/2025 – S.C.

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