Raro, mas acontece: as horas passam e eu simplesmente opto por não dormir. Prefiro permanecer acordada, saboreando o fato de estar viva. É nesse instante que confirmo, sem dúvida, a minha paixão pela vida. Afinal, é bom demais sentir-me apaixonada e recusar-me a interromper esse sentir apenas para dormir.
Não perco o sono, apenas o adio. Faço isso para degustar as pequenas delícias que me apaixonam e que, com o tempo, podem transformar-se em amor.
Foto extraída do site A LEITORA CLÁSSICA. 👇
Um olhar, um sorriso, uma palavra, uma leitura, uma flor, um aroma, uma música... gestos simples que, mesmo à distância, operam milagres. Eles fazem desabrochar a vida sufocada pelo cotidiano repetitivo, que tantas vezes turva a mente, adoece o corpo e fragiliza a alma.
Nem sempre essa metamorfose aconteceu, mas quando o amor floresceu de uma paixão repentina, senti-me abastecida do infinito que ouso sentir.
Lembro-me de Rainer Maria Rilke, em Cartas a um Jovem Poeta, que li aos dezesseis anos e foi determinante em minha vida:
“Se o cotidiano lhe parece pobre, não o culpe; culpe a si mesmo. Diga que não é poeta o bastante para encontrar as suas riquezas.”
Regina Carvalho – 25.9.2025, Tubarão – SC
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