quinta-feira, 4 de setembro de 2025

"Santo de Casa Deveria Fazer Milagres"

Acordei nesta quinta-feira pensando nas imensas perdas que sofremos em cada canto deste Brasil, tão lindo e poderoso, quando falta o reconhecimento dos talentos locais. Quantos poderiam contribuir para o crescimento das suas cidades, enriquecendo o pensamento crítico e colaborando na avaliação criteriosa do que vem de fora, em vez de ceder o lugar que lhes pertence por direito?

É comum vermos artistas aplaudidos em sua terra natal apenas depois de alcançarem sucesso noutros lugares. A família Gil é um exemplo, como tantos outros que só foram valorizados após a aprovação alheia. Mas, na verdade, deveriam primeiro ser estrelas nos seus redutos de origem, para depois brilharem num céu nacional.


Independentemente do tamanho de uma cidade, trabalhar a autoestima de cada cidadão e criar condições de desenvolvimento humano e profissional abriria portas não para a fuga, mas para a expansão natural de talentos.

Aqui falo sobretudo dos artistas, mas a situação estende-se à literatura, à educação e a tantas outras áreas esquecidas. Basta lembrar de Ernesto Carneiro Ribeiro, linguista que deixou seu nome na história da educação brasileira, mas que hoje pouco ou nada é conhecido pelos jovens estudantes. A memória de figuras assim não deveria limitar-se a um letreiro numa escola, mas servir de exemplo inspirador.

Na nossa Itaparica, por exemplo, vemos os ruídos vindos de fora abafarem as vozes e talentos locais. O mesmo acontece em tantas regiões do país, onde a riqueza interna é deixada de lado, enfraquecendo a cultura e o desenvolvimento.

E, se todos se calam, por que estranhar a decadência? Esta ferida aberta alastra-se em forma de violência e no abandono daqueles que não encontram, no seio da própria terra, os nutrientes para alimentar seus sonhos e ideais.

Regina Carvalho – 4.9.2025 – Tubarão, SC 

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