terça-feira, 30 de setembro de 2025
EM ALGUM LUGAR DO PASSADO
...quase perdi a ingenuidade, mas fui salva por uma força maior, que não se apresentou na época, mas que permaneceu ao meu lado, bem coladinha, protegendo-me dos ataques mais ferozes das camuflagens traiçoeiras, que escondiam as intenções de todo aquele que investia contra mim, sem dó, aproveitando-se do facto de eu estar mais envolvida com os pássaros e as borboletas. Estes nem sempre eram encontrados nos jardins e florestas, mas sim personificados em pessoas que, de imediato, eu percebia precisarem da minha atenção e amor, muito mais do que seguir as rotineiras vielas e avenidas do sistema escravagista.
Em algum lugar do passado, uma menina chamada Regininha abriu os olhos ao mundo
Trazia no olhar o espanto luminoso de quem descobre a vida como um jardim inacabado, cheio de cores que a deslumbravam e perfumes que lhe embriagavam a mente. Desde cedo aprendeu a nadar contra as marés, não por rebeldia, mas porque o destino a convocava a resistir.
O mar nunca lhe foi simples. As águas, tantas vezes revoltas, exigiam dela força e coragem. E nesse esforço constante foi forjando músculos e espírito, descobrindo que a resistência se aprende na prática de sobreviver. Houve dias em que o cansaço a derrubou como uma onda brutal. Parecia mortal. Mas bastava um instante de silêncio, um papel em branco e a doce alquimia da escrita para que, de súbito, renascesse inteira.
domingo, 28 de setembro de 2025
SUICÍDIO… CHAGA SEM CURA?
Essa foi a mensagem que me veio à mente neste amanhecer de setembro, já quase a despedir-se. As lembranças chegaram de imediato, e nelas, invariavelmente, minhas tias, irmãs de minha mãe, reuniam-se na casa da minha avó Maria para preparar pequenos doces a serem distribuídos no dia de São Cosme e Damião. Eram embrulhados em saquinhos de papel colorido, estampados com a imagem dos santos, e entregues à criançada que, em fila, aguardava no portão, numa alegre barulheira.
Havia cocadas de abóbora e coco, minúsculos bolinhos de sabores variados assados em forminhas de papel que eu simplesmente adorava, maria-mole em pedaços, cajuzinhos de amendoim, pés de moleque, balinhas diversas e tantas outras delícias. Por isso, estranhei quando, na Bahia, conheci a tradição do Caruru, onde o foco não estava nas crianças. Mas compreendi: cada lugar guarda e cultua as suas tradições.
Será que eu deveria?
Custei a sair da cama,
o calor dos lençóis me prendia,
mas o hábito me chamou pelo nome
e, como sempre, obedeci.
O café, o iogurte, as torradas,
pequenos rituais de ternura,
que fazem do meu amanhecer
uma alegria escondida em silêncio.
Hoje, o ciúme bateu à porta,
palavra inquieta, sentimento ruidoso,
mesquinho, dizem alguns,
mas tão humano quanto o próprio amor.
Quem nunca o sentiu, mente.
Quem o nega, carrega em dobro.
E eu, confessa,
abraço a fraqueza com poesia.
Porque tudo passa —
até o mais doce dos queijos
derrete na boca e vira memória.
E o tempo, impiedoso,
leva consigo prazeres e perdas,
deixando-me apenas a escrita
como companhia fiel.
Regina Carvalho- 27.9.2025 - Tubarão S.C
sexta-feira, 26 de setembro de 2025
quinta-feira, 25 de setembro de 2025
PAIXÕES QUE FASCINAM
Raro, mas acontece: as horas passam e eu simplesmente opto por não dormir. Prefiro permanecer acordada, saboreando o fato de estar viva. É nesse instante que confirmo, sem dúvida, a minha paixão pela vida. Afinal, é bom demais sentir-me apaixonada e recusar-me a interromper esse sentir apenas para dormir.
Não perco o sono, apenas o adio. Faço isso para degustar as pequenas delícias que me apaixonam e que, com o tempo, podem transformar-se em amor.
Foto extraída do site A LEITORA CLÁSSICA. 👇
quarta-feira, 24 de setembro de 2025
SABOROSO QUINDIM
NOSSA, a cada dia um personagem que me foi referência na juventude está partindo sem dizer adeus e aí, como posso desconsiderar que a fila está andando e que breve minha vez chegara para apanhar o meu bilhete neste trem, portanto, perder meu tempo nesta espera é uma sabotagem com a qual, não compartilho.
Quero mais é me divertir, sorrir e chorar quando sentir vontade, comer e beber tudo que me dá prazer e pensar sem constrangimentos que sou um saboroso quindim da vida pra mim mesma e aí, delicio-me até mesmo, quando carrego no coco e no açúcar.
O tempo urge, o vento sopra, mas a Regininha aproveita sem pensar duas vezes, na delícia de se sentir ainda vivendo.
Regina Carvalho- 24.9.2025 Tubarão S.C
BOM DIA com o trecho de uma crônica que li e simplesmente, adorei.
“O tesão é melhor do que o amor porque o amor não correspondido é uma seca, uma dor, um drama de morrer. O tesão, não. Ele contempla com olhos vidrados, mas sai de cena silenciosamente quando perde seu objeto. Sem ressentimentos, não deixa mágoas. Vai, volta, espreita como um felino que ataca um novelo de lã, cansa e retorna à toca. Depois, quando dá vontade, volta a brincar”. Trecho da crônica “O tesão é melhor que o amor”.
Renato Essenfelder, publicado no jornal “O Estado de S. Paulo”, em 2023.
Pesquisa Regina Carvalho
terça-feira, 23 de setembro de 2025
Sucesso Insustentável
O frio regressou ontem à tarde e hoje permanece, ainda que de forma incerta. Busquei então refúgio nas vibrações musicais de Tchaikovsky, compositor russo intimamente associado a célebres balés como O Lago dos Cisnes e O Quebra-Nozes. A música transportou-me para palcos de uma beleza sublime, expressão maior da capacidade criativa do ser humano. Por alguns instantes, consegui esquecer a sucessão de inutilidades que se apresentam na cena social, marcada por atos ilícitos públicos que, mais do que incomodar, adoecem e destroem uma parcela significativa da sociedade brasileira, muitas vezes sem plena consciência das suas consequências imediatas e colaterais.
segunda-feira, 22 de setembro de 2025
CANÇÃO DA PRIMAVERA
Primavera cruza o rio
Cruza o sonho que tu sonhas.
Na cidade adormecida
Primavera vem chegando.
Cata-vento enlouqueceu,
Ficou girando, girando.
Em torno do cata-vento
Dancemos todos em bando.
Dancemos todos, dancemos,
Amadas, Mortos, Amigos,
Dancemos todos até
Não mais saber-se o motivo…
Até que as paineiras tenham
Por sobre os muros florido!
–Mario Quintana
Website por: GrazilFalk - Museu das grandes novidades
Pesquisa Regina Carvalho
MANJAR DOS DEUSES
Entre violinos e piano,
a melodia ergueu-se suave,
era Ave Maria, a canção escolhida
para selar um destino de luz.
Ainda menina, entreguei-me
ao mais doce presente do universo:
um ser paciente, terno,
companheiro de toda uma vida.
Foram cinquenta e dois anos
de amizade, ternura e amor,
sem precisar de adornos,
sem temer tempestades.
O mundo resumia-se em nós,
num abraço que nunca se desfez,
em silêncios compreendidos,
em diferenças transformadas em harmonia.
Hoje, na quinta primavera sem ti,
as lágrimas descem com a saudade,
mas ainda sinto o teu sabor,
mesmo sem poder te tocar.
Fomos manjares dos deuses,
e mesmo que o tempo me roube a tua presença,
bendigo o universo que uniu nossas almas,
para que o amor florescesse eterno.
Regina Carvalho- 22.9.2025 Tubarão S.C
domingo, 21 de setembro de 2025
GOSTINHO DA PAZ...
Pois é... Imaginem vocês que estou finalmente sem sentir frio nesta deliciosa cidade, que tem de tudo, mas sem a correria e o tumulto geralmente encontrados nas cidades de médio e grande porte. Acordei lépida, sem precisar de tantos agasalhos e cobertas o que, após dois meses, é simplesmente uma delícia.
Lembro então do Rio de Janeiro dos anos sessenta, de uma Ipanema que, mais do que um bairro, era para seus moradores um principado de elegância, beleza e paz.
Ddelícias japonesas
“A liberdade de viver em paz é sempre uma escolha e como o tudo mais na vida é preciso compreender que haverá um ônus e um bônus, o fundamental é medir-se o custo benefício”.
Regina Carvalho- 21.9.2025 Tubarão S.C
👇👇👇 Noite na companhia de minha filha tomando uma vodka com maracujá e saboreando delícias japonesas, foi o mesmo que estar em paz.
sábado, 20 de setembro de 2025
ESTRANHA SENSAÇÃO
Nem triste, nem alegre, apenas desiludida com uma humanidade que tentei compreender e com a qual procurei conviver, mas que, incansavelmente, tem me ferido. Não por golpes visíveis, mas pela desatenção a mim e a tudo aquilo que observei com olhos fascinados.
Humanidade leviana, distraída, interesseira, abusada, egocêntrica e intencionalmente mortífera, se eu não estivesse atenta.
sexta-feira, 19 de setembro de 2025
Sobre Tudo
Quem dera pudesse escrever sobre tudo,
mas neste amanhecer de sexta-feira
resta-me apenas a sensação
de já ter dito demais.
Repito gestos, palavras,
como quem atira pedras a um lago
e espera ondas novas,
mas elas regressam sempre iguais.
Será que disse o suficiente?
Ou cada vez que falei
perdi um detalhe,
exagerei um silêncio?
As palavras cansaram-se de mim,
gastas pelo tempo,
consumidas pelo excesso,
indiferentes ao meu querer.
Que faço eu,
se nada mais sei fazer?
Talvez amanhã,
menos pessimista,
pinte o amor com novas cores
e encontre alguém que as veja.
Talvez na tarde quase primavera
um sopro de paz se espalhe,
talvez Jesus se revele,
ou talvez apenas o pão quente
com requeijão cremoso
me devolva à memória
as buganvílias da Pampulha.
Humm... delícia,
um instante simples
que vale mais
do que todo o cansaço do mundo.
Regina Carvalho- 19.9.2025 Tubarão S.C
quinta-feira, 18 de setembro de 2025
A CHAGA DA INDIFERENÇA
Estou ouvindo Claude Debussy, depois de dois clássicos do cinema norte-americano, e inevitavelmente penso nas milhões de pessoas que sequer sabem do que estou falando, justamente por jamais terem tido acesso.
Da mesma forma, depois que acordei, tomei café com leite e uma tigela de iogurte com granola. Ainda sinto um pequeno vazio no estômago enquanto escrevo. Mas penso: milhões de outras pessoas sequer têm acesso a qualquer um desses alimentos. Seus estômagos, mais que doloridos, estão vazios de esperança. Enquanto eu, basta levantar-me e ir até à cozinha, escolher o que mais me agrada.
quarta-feira, 17 de setembro de 2025
BENDITA PAZ...
Não se encontra nas lojas para ser comprada, nem nos restaurantes e bares, e muito menos nas simbólicas e famosas caminhadas existencialistas que, a princípio, até aliviam as tensões, mas cujos efeitos são superficiais e não corrigem as distorções mais profundas que se encontram enraizadas em nossos âmagos emocionais. Afinal, a serenidade da paz não se enquadra em agendas programadas de viagens, em qualquer local ou no uso de elementos externos a nós mesmos.
Ela exige uma profunda elaboração diária, onde o equilíbrio, a razão e o amor pela vida vão lentamente minando toda e qualquer resistência criada pelos maus hábitos, estes que, ao se estruturarem, chegam a inverter a nossa percepção da realidade. Muitas vezes, mesmo desfrutando do aparente “melhor”, não admitimos a consequência óbvia que sentimos; e, quando o fazemos, arranjamos milhares de argumentos para não dar o primeiro passo libertador. Assim, optamos pela mesmice entediante do vazio constante, da falta de um propósito amoroso e pessoal, que dia após dia nos transforma em infelizes contumazes.
terça-feira, 16 de setembro de 2025
REFLEXO INOPORTUNO
Estou aqui pensando neste amanhecer menos frio e percebo que não há nada mais terrível, numa sociedade de valores arcaicos e fragilizados, do que ter um líder que constantemente cutuque o que ainda resta da consciência crítica, aquela que, em geral, contraria interesses de grupos e de indivíduos.
Esse tem sido o adubo que, de forma equivocada, vem nutrindo desde sempre o fértil canteiro do nosso Brasil que é um país rico, belo e repleto de possibilidades em cada cidade, por menor que seja. Isso acontece quando o povo escolhe, reiteradamente, reeleger o inapropriado, apenas para prolongar, com garantias constitucionais, por mais quatro anos, a impunidade de líderes que escancaradamente vilipendiam os mais sagrados direitos em todos os níveis e naturalmente os seus interesses pessoais ou pura incapacidade avaliativa. Depois, disfarçam e justificam as suas apropriações indevidas com pequenas obras, financiadas em grande parte por emendas parlamentares: pracinhas, festas estrondosas e outros agrados ao gosto popular. A multidão, distraída, nem se apercebe de que, em termos de qualidade, nada realmente recebe, já que o lixo só se agiganta nos mesmos lugares, os materiais das obras são de terceira categoria e os serviços públicos continuam piorando.
segunda-feira, 15 de setembro de 2025
Serração
Faz tempo, aproximadamente trinta e dois anos que eu não apreciava uma serração tão densa, acompanhada de um frio penetrante que parece congelar os ossos. Lembra-me muito dos invernos que vivenciei, durante oito anos seguidos, em Caeté-MG, precisamente aos pés da Serra da Piedade.
Rapaz… a coisa é feia!
Por outro lado, acordar e ter, diante dos olhos, uma natureza tão vibrante, através dos verdes variados das frondosas árvores, é para mim uma verdadeira glória. Algo que me faz esquecer de tudo o mais, inclusive abrindo espaço em minha paciência para que um dos gatos da minha filha insista em passear pelo teclado do notebook, querendo ser notado a qualquer custo.
Penso, então, que nesta vida é preciso estar tão vibrante quanto ela, a própria natureza. É preciso não titubear em senti-la plenamente, trazendo para si o óbvio, aquele que na maioria das vezes, sequer é enxergado. E posso garantir, por experiência própria, que esses detalhes simples são espetaculares: verdadeiras preces que preenchem vazios, estimulam a criatividade e, com certeza, fazem bem à alma. Afinal, ao fazê-la sorrir, sorrimos também.
Bom dia! Que esta segunda-feira seja, tão somente, o início de uma semana incrivelmente bendita.
Regina Carvalho – 15.9.2025, Pedras Grandes, S.C
domingo, 14 de setembro de 2025
Ó DO BOROGODÓ
O domingo amanheceu, e lá estava ela: a palavra borogodó, tilintando na minha mente. Achei curioso, afinal, trata-se de uma palavra antiga, hoje pouco falada, mas que resume tudo de bom que alguém pode ter, sem maiores explicações. Quem tem borogodó não precisa de atributos estéticos exuberantes para se destacar: atrai atenções de forma natural, roubando a cena em qualquer lugar.
Como boa curiosa, fui pesquisar no “Google” a sua origem. Já sabia tratar-se de uma expressão popular, mas não há consenso sobre a região em que nasceu. A verdade é que a irreverência do povo brasileiro deu à luz a esta e a tantas outras gírias, incorporadas ao nosso jeito exclusivo e malemolente de ser e de falar.
ADÁGIO PESSOAL
Sempre me encantei pelo adágio, essa composição musical que caminha devagar, mas não arrasta; que se demora sem nunca perder a suavidade. Descobri mais tarde que significava apenas um andamento lento, mas, para mim, sempre foi mais que isso: um convite ao silêncio, ao tempo alargado, ao respirar com calma.
Não sabia nada disso, confesso. Mas a curiosidade empurra-nos para o conhecimento como o vento empurra o barco. Assim fui crescendo, sem pressa, sem ruídos, ampliando horizontes. Fui deixando de ser a “bolhinha,” apelido que me magoava e que o meu Roberto me deu, porque julgava que eu vivia no mundo da lua, a pensar e a escrever apenas sobre pássaros e borboletas, quando na realidade, observava.
sexta-feira, 12 de setembro de 2025
MENTES CONDENADAS
Ouço neste instante Franz Liszt, através de um belíssimo solo de piano e inevitavelmente me vem à mente a minha decepção que só vem crescendo na medida que o tempo passa e cada vez mais, preciso medir minhas palavras, afim de não atingir este ou aquele segmento.
Sinto-me colocada num estreito corredor como mais um gado indo para o abatedouro com o único direito de seguir a diante, sem poder de escolha.
Preciso a cada instante, trocar palavras, contornar ideias, desistir dos ideais e isso é desesperador, ainda mais, porque não encontro nenhum aliado de luta, já que o cerceamento é geral, restando a liberdade de ser e de pensar, somente à aqueles que mesmo ostentando uma bandeira que foge aos padrões do auriverde, defendem uma nova Democracia que verdadeiramente, não me pertence, justo, porque nela, não identifico a bendita coerência e liberdade na qual, me espelhei vida afora, onde pensar, mesmo contrariando fortes correntes da intelectualidade, fez crescer o senso crítico e consequentemente, o mundo e a humanidade.
quinta-feira, 11 de setembro de 2025
OLAMBENTA, JAMAIS...
Acordei com o coração incendiado pela ideia de que o maior presente que se pode dar a uma criança é fazê-la sentir o milagre de existir.
Ensinar-lhe que o corpo é morada sagrada e a mente, farol que ilumina.
Educar é convidar a perceber os sinais invisíveis do quotidiano aqueles que, de tão próximos, quase se tornam invisíveis.
Não importa a cor, o dinheiro, o lugar de onde se vem.
RENASCENDO DAS CINZAS
Foi bom enquanto durou, assim como tudo numa convivência amorosa. Afinal, até a mais tórrida das emoções acaba com a morte, oferecendo ao que fica a oportunidade de um recomeço. Porém, nem todos compreendem: muitos acreditam que recomeçar é simplesmente estar disponível para uma nova relação, sem antes criar um necessário intervalo. É nesse espaço que a solidão pode tornar-se uma oportunidade preciosa de recolher as partes de si que ficaram pelo caminho.
Dividir espaço, sentimentos e emoções, por mais intensos e proveitosos que tenham sido, absorve sempre uma parte do outro. É preciso resgatá-la para que haja um luto consciente e saudável. Só assim, se um novo amor surgir, ele será verdadeiramente original, criando emoções inéditas, e não uma mera cópia do anterior.
terça-feira, 9 de setembro de 2025
CORPORATIVISMO DO BAGAÇO
Amanheci sem qualquer frase feita na mente, como é de costume. Mal sabia eu que a primeira aparição no Facebook seria do amigo Yulo Cesar, despedindo-se de Itaparica. Como tantos outros entre os quais me incluo, depois de bater em ferro frio, percebe-se que a desistência é, muitas vezes, a única saída.
É profundamente lamentável.
Idealistas costumam ser pessoas apaixonadas, com enorme senso de pertença, capazes de se adaptar às condições da sua terra, sempre em nome do bem comum e desejosos de aplicar os seus conhecimentos e talentos.
segunda-feira, 8 de setembro de 2025
PERFEITA PARCERIA
Na boca o pedaço pequeno de queijo baila entre a língua e o céu da boca, enquanto os olhos fixam a parede de pedra e o corpo repousa sobre o chão de madeira coberto parcialmente por um fofo e macio tapete... espero pacientemente minha alma retornar do passeio matinal na companhia do sabiá.
Aonde terá ido neste amanhecer de uma nova semana?
Será que como de costume, sobrevoou, matando a saudade de seu mar em particular ou tão somente, pelo meio do caminho, trocou de carona, decidindo plainar com o beija-flor as matas verdes do lado de cá?
domingo, 7 de setembro de 2025
sábado, 6 de setembro de 2025
VONTADE VOLUNTÁRIA – Reflexão
São seis horas deste sábado, a caminho da bendita primavera, quando acordei pensando no termo livre-arbítrio (liberum arbitrium), formalmente introduzido pela filosofia cristã no século IV d.C.
A noção já existia na filosofia grega, em pensadores como Aristóteles e Epicteto, que discutiram a capacidade de cada indivíduo controlar as suas próprias escolhas. No entanto, foi Santo Agostinho, bispo de Hipona, um dos primeiros a tratar o livre-arbítrio de forma sistemática, relacionando-o com a liberdade responsável de escolher entre a bondade divina e o mal, consciente das consequências dessas escolhas.
sexta-feira, 5 de setembro de 2025
PERIGO À VISTA...
Ainda nem tinha amanhecido em Santa Catarina e eu, a Regininha madrugadora, já estava dando susto nos vizinhos mais próximos, que provavelmente acordaram pensado que Israel errou o alvo de algum dos infindáveis mísseis direcionados a faixa de gaza ou até, um meteoro ou sabe-se lá o quê mais que um acordar assustado pode imaginar.
Tudo começou às três da manhã, quando, na minha genialidade matinal, fui preparar o café sagrado, esquecendo-me de levantar a tampa de vidro temperado do fogão. Resultado: enquanto eu tentava domar os lençóis emaranhados da cama (porque cama desarrumada é coisa que não suporto), a tampa decidiu fazer “BUM!”.
quinta-feira, 4 de setembro de 2025
"Santo de Casa Deveria Fazer Milagres"
Acordei nesta quinta-feira pensando nas imensas perdas que sofremos em cada canto deste Brasil, tão lindo e poderoso, quando falta o reconhecimento dos talentos locais. Quantos poderiam contribuir para o crescimento das suas cidades, enriquecendo o pensamento crítico e colaborando na avaliação criteriosa do que vem de fora, em vez de ceder o lugar que lhes pertence por direito?
É comum vermos artistas aplaudidos em sua terra natal apenas depois de alcançarem sucesso noutros lugares. A família Gil é um exemplo, como tantos outros que só foram valorizados após a aprovação alheia. Mas, na verdade, deveriam primeiro ser estrelas nos seus redutos de origem, para depois brilharem num céu nacional.
“Focada em Mim”
São oito horas desta quarta-feira amena. A manhã desperta tranquila, tal como a noite anterior, em que não precisei de mantas ou aquecedores. O clima era tão agradável que fiquei a conversar com uma amiga até quase ao nascer do sol. Fazia tempo que não partilhava uma conversa tão leve, tão solta, tão minha.
Penso então: correr para quê, se agora tenho todo o tempo do mundo?
Recordo os anos em que corri demais. Corri por hábitos, por condicionamento, não por necessidade. E nessa pressa, perdi momentos preciosos: boas conversas, caminhadas serenas, atenção aos filhos, pequenos prazeres que teriam trazido enorme alegria se eu os tivesse vivido com calma.
terça-feira, 2 de setembro de 2025
APENAS ASSIM.
Hoje acordei apaixonadíssima...
Por quem? Por tudo,
até mesmo pelas minhas fragilidades,
essas companheiras discretas
que já me habitam há tanto tempo.
Não sei esconder paixões,
contrariando os jogos de sedução.
Algumas são infantis,
outras, desmedidas,
mas todas são minhas —
e delas não quero fugir.
Teria sido diferente
se eu tivesse seguido o caminho
das mulheres que me precederam?
Talvez... Mas então
eu seria cópia retalhada,
e não o original imperfeito
que sou.
Somos parecidas, todas nós:
determinadas, fiéis, disciplinadas,
apaixonadas.
Algumas escolheram a segurança,
outras, o risco dos sentimentos.
Mas nenhuma se deu mal,
pois a vitória se revelava
em sorrisos francos
e perfumes na pele.
E eu?
Sou o que elas não foram:
poeta irreverente,
incapaz de esconder
uma sequer paixão.
Ah, que delícia é ganhar o dia
com uma palavra,
um olhar,
ou até uma simples curtida,
e transformar em poesia e gratidão
a alegria que me visita.
**Bom dia!**
Regina Carvalho- 2.9.2025 Tubarão S.C
segunda-feira, 1 de setembro de 2025
O MENOS QUE VIROU MAIS...
Incrível. Quase seis e meia deste amanhecer de segunda-feira, primeiro dia de setembro. O céu se abre, mas não escuto um só passarinho. Silêncio estranho. Diferente da minha Itaparica, onde a alvorada é sempre barulhenta e cantada, aqui as aves parecem preguiçosas, adiando o voo. Nem mesmo as maritacas, minhas arruaceiras favoritas, depois dos sabiás vieram hoje cumprir o papel de despertadoras, substitutas dos pássaros do sul, sempre tão lentos a acordar.
Enquanto espero pelo primeiro canto, penso. Penso para não perder o hábito, esse exercício raro, quase clandestino, numa época em que a juventude se deixa hipnotizar pelos segundos frenéticos do TikTok e pelas ilusões instantâneas das plataformas.
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Em respeito aos milhares de seguidores de minha página e especificamente das lives que posto no facebook, desde 19 de agosto de 2020, se...



































