De repente, a chuva rápida se foi abrindo passagem para o sol deste verão mais abrasador como jamais o senti e que enganador vai se chegando, meio arisco, esgueirando-se entre telhas, galhos e muros como se não quisesse nada e assim, dele me descuido e só me dou conta, quando o suor encharca meu rosto e corpo.
E aí, como em tudo enxergo o bendito amor, logo imagino-o sorrateiro se chegando de mansinho, despertando aquelas emoções dantes ainda não sentidas e por isso, se eterniza por terem sido absolutamente especiais, mesmo que como a chuva, se tenha ido, abrindo espaço para novos e surpreendentes, sóis...
De onde estou ou de onde sempre estive devidamente acomodada para transcrever os delírios e loucuras de minha mente, assombrosamente realista que se disfarça em chuva refrescante, mas que viciada não rejeita o sol abrasador que através da janela, apreciando um pedacinho do céu, vê fascinada ir-se chegando, assim como quem não quer nada, mas que envolvente, se apossa de tudo...
Pedacinho do céu de minha vida, inspirador constante e deliciosamente encantador que aquece minha alma e minha irreverente necessidade de amar.
E aí, minha mais remota lembrança pousa no terraço da Barão da Torre, para desespero de mim mãe, afinal, lá estava a menininha com pouco mais de cinco anos, deitadinha no piso de braços abertos sem se importar com o quanto estava fervente, deixando-se possuir pelo sol ardente do seu pedacinho do céu de Ipanema...
Pra você que me lê, um domingo de braços abertos para o céu de sua vida.
Regina Carvalho 11.02.2024 Itaparica
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