Todos os dias alguém conhecido ou não da minha geração morre, portanto, não me é possível esquecer que o ponto final está chegando e que em algum momento, terei de descer deste veículo chamado vida terrena.
Todavia, se reconheço nesta certeza, uma tremenda sacanagem, por outro, aguço a minha expertise, aperfeiçoando-me, já que não posso mais perder tempo, adiando absolutamente nada que minha mente e meus sentidos me sinalizem prazer egoisticamente, meu.
Já não sinto mais culpa pelo precioso tempo que perdi ao longo da caminhada, crendo que até pensar nele, me faz perder o tempo de agora, portanto, dane-se o que fiz ou o que não deveria ter feito, dane-se também o que não fiz, afinal, agora é tarde para olhar pra trás, já que o tempo urge e a parada final, pode chegar a qualquer momento.
Enquanto o veículo percorre esta estrada fantástica, como de hábito, desde a infância, aprecio as infinitas nuances dos tons da natureza, sem fazer qualquer maior projeção futurista, deixando os meus olhos, apenas, como condutores apaixonados de todas as belezas que se exibem despudoradamente, pra mim.
Penso então, que se já conquistei e usufruí do tudo quanto, desejei, agora, meus planos são outros, afinal, só desejo a mim...
Descubro a cada instante, o quanto sou interessante, bonita e cheirosa, pra mim.
O quanto, sou companheira, amiga e parceira, pra mim.
O quanto, preciso só de mim pra dizer a alguém que o amo.
O quanto, a cada dia, sou uma página em branco, pra quem nela quiser escrever o que desejar de mim...
Enquanto, o ponto final não chega, vou sentindo tudo como é, amando sem perguntar porquê, degustando apenas, o que me apetece, como dantes eu fazia na sapiência da infância.
Egoísta?
Por que não, se no ponto final, descerei sozinha.?.
Regina Carvalho. 27.02. 2024 Itaparica
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