sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

DIGA LÁ, MEU SENHOR...

De tempos em tempos, mas cada vez por menos tempo, coloco-me diante da telinha da TV buscando um pouco mais de conhecimento da prática da convivência humana na sua mais crua e sem retoques, apresentação.

Alguns dirão que esta, não é a mais adequada maneira de se inteirar da realidade, já que é publico e até notório, o grau de manipulação abusiva das mídias em geral. Todavia, como profissional da área que atravessou mais de cinco décadas nesta labuta diária, sem, no entanto, descuidar-se da observação dos movimentos das mesmas, na busca frenética por audiência, ouvintes e leitores, fui na pratica acompanhando a necessidade delas em cada vez mais realisticamente, atender as exigências do seu público que, apesar de diferente em suas apresentações sociais, sempre tiveram em comum, um gosto especial pela tragédia humana, o voyeurismo e a dispersão mental, como refúgio de suas fragilidades pessoais.


E quando falo em tragédia, não me refiro somente aos massacres, genocídios, feminicídios ou a qualquer finalização que a convivência repleta de distonias é capaz de produzir e sim, na amostragem explicita da desgraceira cotidiana, onde o sangue nem sempre escorre, mas se contamina com a banalização dos princípios básicos e necessários, não apenas morais, mas principalmente éticos.

A mídia se encarrega em moldar as mentalidades, modulando hábitos e costumes, afim de atender a um comércio feroz e insaciável, mas incapaz de oferecer suporte de apoio em amostragens de sustentabilidade para as almas destroçadas, que se abrigam em criaturas cujas mentes, estão a cada dia, mais despersonalizadas, mais adoecidas, mais fragilizadas...

Penso então, nos meus filhos e nos filhos alheios e me apiedo dos filhos dos filhos de nossos filhos...

Diga lá, meu senhor, munidos de quais referência, sustentarão a si e ao planeta ou viverão tão somente, recolhendo os entulhos de suas existências?

"Liberdade, Igualdade, Fraternidade"

“Libertas quae sera tamen

Regina Carvalho – 23.02.2024 Itaparica

Nenhum comentário:

Postar um comentário

PERDÃO

Ao longo de minha vida, arrependi-me infinitas vezes pelo que fiz, falei , pensei ou escrevi e quando, agora na audácia da arrogância, crend...