quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

CRONISTA, sim senhor...

Pensar em Espinosa e Noel Rosa, logo as cinco horas da manhã de uma quarta-feira de cinzas, confesso que aceito não ser muito normal, mas o que posso fazer, se minha mente é esta negação contínua desta chata e monótona normalidade?

Todavia, pra mim, ambos têm tudo a ver entre si, afinal, suas propostas e produções individuais, cada qual, no seu quadrado existencial (sem limites demarcastes para suas mentes), tornaram-se atemporais como que exímios cronistas dos costumes humanos em seus devaneios mentais, daí, minha enorme identificação com ambos.


Baruch Spinoza (também chamado de Espinosa ou Espinoza) foi um filósofo racionalista holandês, um dos mais importantes da filosofia moderna. Além de seu racionalismo religioso radical, Spinoza defendeu o liberalismo político. Também ficou conhecido por sua ideia de analisar a natureza como sendo Deus, assim como em relação a Jesus,

Segundo ele, foi a manifestação suprema, mas humana, da Sabedoria Divina. Foi o homem sábio, que mais do que qualquer outro, se identificou com o Espírito de Deus. Por isso, deve ser considerado como modelo para a Humanidade, isso tudo, ele pensou em apenas 45 anos de vida terrena.

Enquanto isso, 278 depois, nascia no suburbio carioca, um brasileirinho feioso que com apenas 27 anos de vida, compôs mais de 300 músicas, tornando-se indiscutivelmente, um dos mais importantes criadores da história da música popular brasileira, registrando em suas composições, sua visão dos hábitos da época, dissecando emoções e sentimentos como um perito observador do comportamento humano, quebrando paradigmas sociais e religiosos com simplicidade, destrinchando as dores e conflitos emocionais, colocando-os no centro dos efeitos das influências sociais.

Pra mim, que optei ou sei lá, fui induzida pelo Deus natureza, a apaixonar-me pela vida e pela criatura humana, foi e creio será sempre, meu mais profundo interesse e consequente prazer.

Duas épocas, duas histórias existenciais que se encontram no universo dos costumes e hábitos e que sem cerimônias, descreveram um todo que os fascinava esmiuçando o camuflado e como legítimos cronistas, insistiram em deixar registrado suas visões sobre o que até então, era considerado tabu, sem retoques da conveniência, um outro lado que ninguém, ousava contestar.

Eu e eles?

Apenas uma questão de afinidades que resolvi abraçar, numa época em que, a conveniência mais do que nunca, voltou, com tudo, sufocando as realidades.

Regina Carvalho 14.02. 2024 Itaparica

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