Fazia tempo que eu não acordava tão cedo e como se fosse a primeira vez, tudo é surpreendente, até o velho amigo e vizinho galo à distância me parece mais tímido e penso que pode ser por causa do tempo que além de estar muito escuro, ainda faz um friozinho que não chega a incomodar, mas causa uns pequenos arrepios.
Os pássaros, ainda não chegaram, mas certamente não tardarão e enquanto, narro a minha impressão desta madrugada, percebo que nada passa pela minha mente em prol de uma escrita e aí, Jesus, estarei sem inspiração?
Penso que todo este vazio mental, começou na realidade na tarde de ontem e se estendeu até a hora em que decidi me deitar, sequer assistindo ao jornal tendencioso da Globo e muito menos, atendendo o telefone.
É que de repente, tudo me pareceu inútil e sem sentido e então, fico pensando que sou muito esquisita e que de verdade, sempre precisei de um tempo sozinha comigo, afim de descansar a mente e para tanto, só mesmo saindo do circuito e me isolando.
De repente, ficar só se torna uma bênção...
Que coisa, hein?
Indago-me se a maioria das pessoas também tem esta necessidade ou somente as esquisitas como eu, que precisam desta privacidade?
Meu Roberto até nisso combinava comigo, pois, também vez por outra se isolava para ler, assistir um seriado quase que inteiro ou simplesmente, tomar todas a que achava ter direito, sozinho, sem ter que conversar, sorrir ou compartilhar fosse lá o que fosse.
Nesse instante, o primeiro pássaro chegou e eu, não consigo identifica-lo pelo canto que é diferente e ainda não ouvido, mas dura pouco seu protagonismo, pois, em segundos, o jardim está sendo invadido por uma orquestra sinfônica, levando-me a sorrir de pura alegria.
Pronto, já não estou sozinha...
Levanto-me, abro a janela e fico respirando o cheirinho de terra e grama molhados, apenas agradecendo por mais este surpreendente amanhecer, mas inspiração que é bom, nem pensar...
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