Junho, tem sido na minha vida um marco de emoções desde que me lembro, afinal, dona Hilda minha mãe, festeira e repleta de vida, juntava-se aos vizinhos e promovia na rua Barão da Torre em Ipanema-R.J, incríveis festas de São João, logo após a trezena de Santo Antônio com distribuição de pães na favela da Praia do Pinto, depois removida para a cruzada São Sebastião, prédios construídos através do trabalho gigantesco de Dom Helder Câmara.
Nossa, minha memória neste instante, explodiu em recordações de uma infância impactante à toda a minha vida, onde as tradições eram respeitadas nas suas essências e onde a segurança e o saudável convívio com os demais eram fundamentais elementos de amparo a harmonia e alegria de viver.
Enquanto escrevo, vejo pulular diante de mim, instantes que se eternizaram como tatuagens impressas em minha mente.
A imensa fogueira, as varas de bambu tendo na ponta espetadas as batatas doces, os milhos verdes e nossos pais nos ajudando a assa-los sem o risco de nos queimarmos.
A bandinha tocando as músicas que completavam a caracterização de nossas roupas da suposta roça do estereótipo do Jeca Tatu das histórias em quadrinhos.
O estourar constante das brasas, confundia-se com o estalar das estrelinhas arremessadas incessantemente ao chão pelas minhas mãozinhas, fazendo brilhar meus olhos e minha estupefação diante do não entendível.
Como era possível, acontecer que cada pequena trouxinha esfacelada ao chão, pudesse criar estrelas?
Os bolos, os amendoins cozidos, as bandeirinhas e lanternas de papel crepom, que nós mesmos produzíamos e colávamos nos intermináveis barbantes com cola de farinha de trigo.
De repente, minha memória voa para minha adolescência, descortinando a loucura de minhas emoções ao enxergar diante de mim o meu primeiro e inesquecível amor.
Lá estava meu Jeff, como o chamo até hoje, lindo e embevecido fitando-me com os seus belíssimos olhos azuis, nascia ali, uma paixão fulminante que marcou nossas vidas.
Maravilha é a descoberta de se sentir capaz de amar.
Delícia é se permitir ser amado...
E novamente, o rolo da memória dispara, trazendo 1968 no dia de São Pedro e meu dia de princesa encantada ao lado de meu Roberto, começando a escrever naquela consagração, a história que duraria 52 anos do tudo de bom de vida, emoções e um infindável aprendizado que juntos desenvolvemos.
Mas foi também no final do mês de junho de 2020 que meu amor adoeceu, começando então, o princípio do fim do capítulo mais longo e significativo da nossa irmandade amorosa.
Olhando através da janela, posso ouvir e enxergar a chuva caindo sobre o verde gramado tendo um frágil sol, insistindo em se fazer presente, então, penso no que será que este mês de junho, tem reservado para a minha vida.?.
Misericórdia meu Jesus, a este meu já frágil coração...
Nenhum comentário:
Postar um comentário