Uma nova sexta-feira chegou, e eu me apercebo do tempo que parece que está andando mais depressa, não me dando tempo hábil para acompanha-lo, justo agora, que já não preciso correr para tantos compromissos como dantes.
Pensando com mais cuidado, será que eu corri ou simplesmente segui o fluxo natural da minha juventude ágil e dinâmica, que achava que podia tudo?
Ainda me lembro do terraço do apartamento da Barão da Torre, do meu corpo deitado sob o sol implacável do Rio de Janeiro e eu lá, quieta, como se o tempo não existisse, apenas os meus planos.
Vez por outra, abria os olhos e logo os fechava para não serem cozidos pelo sol ardente que dourava o meu corpo e esquentava a minha alma.
E quando os fechava, podia enxergar as mil estrelinhas douradas que bordavam o negro pano de fundo como contraste, levando-me a mentalmente querer reter pelo menos uma delas para adicionar aos devaneios do momento.
“Você ainda vai ficar cega minha filha de tanto querer olhar o sol”...
Nem sei quantas vezes escutei este sermão de minha sempre vigilante mãe.
Ainda hoje, no outono de minha vida, também vez por outra, ainda deitada, sendo massageada pelas marolas das águas mansas e mornas de minha Ponta de Areia, arrisco olhar para o sol, afim de que o meu gozo seja completo.
Não precisei ter pressa, apenas, abracei o mundo nos lugares e no tempo que eu mesma estabeleci, buscando amorosamente minhas estrelas.
São tantas que armazenei, que posso doar neste instante, uma preciosa pra você que me lê.
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