Dezembro
está caminhando e anunciando o fim de 2019.
Sinceramente,
não pensei que viveria tanto e sou muito grata à vida por ter sobrevivido a
tantas tormentas, mas em meio as alegrias da constatável vida repleta de
alegrias, saúde e paz, não tenho enxergado a possibilidade de, enquanto vida,
poder ver o meu país menos corrompido e mais limpo dos vícios políticos, que de
tão velhos, já se mumificaram, dando a nós, que muito vivemos, a percepção de
que a cada década, se recriam a partir da mesmice das escolhas mal feitas por
serem mal avaliadas.
Vejam bem,
se numa cidade pequena como Itaparica, assim como muitas outras até mesmo
menores, onde as pessoas se conhecem desde sempre, o povo não consegue avaliar
com mais precisão, imaginem então, estas mesmas pessoas, votando para
deputados, senadores e presidentes.
Particularmente
sou uma cinéfila inveterada e, além de apreciar toda a composição do filme,
retenho minha atenção nos locais em que os mesmos são filmados e, é incrível,
como em todos os locais considerados pequenos, existe uma base de apoio ao
cidadão, onde se encaixam: Igreja, delegacia, hospital, correio, rodoviária e o
conselho dos cidadãos, e isso, no caso americano, desde o velho oeste.
Aqui no
Brasil, exemplo de Itaparica, que pelo censo de 2010 possuía 20.725 habitantes,
nada funciona a contento, sem esquecer que não dispomos de delegacia, não temos
rodoviária e nem transporte público, assim como o serviço dos correios, como já
falei, é precário. No tocante a saúde, dispomos de um hospital sem constância
de especializações, e as Igrejas, pouco ou nada atuam no contexto social geral
da cidade, ficando suas forças restritas aos seus grupos de fiéis e às manobras
políticas, e quanto ao conselho de cidadão, simplesmente não existe.
Portanto,
esperar que dentre os 20.725 munícipes, sendo
que, 3.378 analfabetos, segundo o mesmo
censo, tenham condição de proceder uma escolha dentro dos padrões mínimos de
conhecimento sobre as atribuições de um vereador, assim como esperar que os
eleitos tenham, é simplesmente uma
cegueira, pois os mesmos são reflexos de
uma população visivelmente deficitária de maiores atenções, levando em conta
que um outro tanto dos cidadãos, bastante expressivo, não possui o fundamental
completo.
Naturalmente,
esses dados mudaram nestes quase 10 anos, mas certamente, pelos exemplos
apresentados no cotidiano político da cidade, muito pouco se alterou, já que é
público e notório o fracasso da educação em todo o território nacional.
Não se pode
esquecer dos analfabetos funcionais que assolam as repartições públicas.
Uma Câmara
de vereadores para que seja atuante em uma cidade minúscula como Itaparica,
torna-se necessário que seus membros tenham a capacidade de entender as suas
atribuições básicas, que vão mais além de discursos inúteis e denúncias que
jamais são investigadas.
Que todo cidadão
está em seu direito de candidatar-se à um cargo público, ninguém discute,
afinal, está reservado o direito na Constituição, todavia, é preciso que haja
senso crítico do candidato e por parte de seus futuros apoiadores.
Não se
discute decência e ética, afinal, todos deveriam possuir, portanto, não se pode
votar em alguém só porque é honesto e simpático ou que desenvolve algum
trabalho social, afinal, vereador é para promover constante vigilância nas
contas públicas, assim como sugerir e cobrar benfeitorias na cidade, sendo a
voz e a consciência do povo.
Certamente,
não podemos mudar o Brasil, mas podemos dar um rumo melhor para a nossa cidade.
Por
enquanto, não estou vendo como...