Fico aqui
pensando sempre a mesma coisa, a cada final de ano, afinal, por quê, todo esse
espírito cristão e fraterno que desponta logo nos primeiros dias de dezembro,
não se perpetua ao longo do ano, numa corrente do bem, pelo nosso bem e do
nosso próximo?
Será tão
difícil assim, respeitar o complexo ato de viver o cotidiano, sem que as disputas
sem critérios éticos e mesmo de simples educação, possam dominar o convívio, isolando
as invejas, as arrogâncias, as prepotências e as vaidades, abrindo espaço para
um convívio mais harmonioso?
Queremos
paz, mas estimulamos a violência através de nossas posturas displicentes ou
invasivas, ora portando-nos como loucos agressores, atirando palavras ou ações grosseiras
por todo o tempo, ora sendo surdos e cegos, numa postura omissa que nos torna
mudos, indiferentes a tudo e a todos, diante
dos absurdos que se apresentam, estimulando assim, a continuidade do inadequado,
desconsiderando que nem sempre o que o pratica, tem noção de estar ferindo o
seu entorno, condicionado à banalização social.
O equilíbrio,
parece que se perdeu em meio as novidades incessantes que a globalização nos
assola a cada instante.
A razão, se
confunde a cada instante, já que assoberbamos nossas crenças, ideias e ideais
como se fossem as certas, as perfeitas e as mais fieis das redenções pessoais e
da humanidade.
E o amor,
esse se confunde com os desejos ou frustrações que estimulados por todo o
tempo, levam-nos a sentir emoções exacerbadas que privilegiam a nossa estética cênica,
em relação ao tudo mais, negligenciando os sentimentos, frutos benditos das
afinidades sensitivas e racionais, colocando-os num só caldeirão fervente que
se amorna e acaba esfriando, tão logo apaga-se o fogo estimulador.
Acredito que
fomos permitindo que os meios estimuladores externos, fossem ganhando espaço no
comando que deveria ser, tão somente nosso, onde a coerência faria a comunhão entre
o que desejamos e o que realmente fazemos para alcançar nossos objetivos.
A conclusão
que chego depois de infinitos finais de ano é que, nós, usamos a paz como
bandeira de um mundo ideal, que nós, recusamos admitir, estar muito além da
nossa suposta humanidade.
Então,
forjamos a corrente do bem, como âncora firme e que nos assegura sonhar que
estamos construindo um mundo menos cruel, por abrigar o senso de uma menor
desigualdade, pois, temos a consciência de que esta, é a razão maior da perda
do equilíbrio e da falta de amor.
E viva dezembro
e viva o Natal e viva a ilusão de nossa suposta humanidade.
Pense nisso,
antes de oferecer um presente, como substituto de seu abraço ou simples
atenção.
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