A escravidão
não acabou, tão somente ampliou e se diversificou, adquirindo sofisticação e
mil disfarces camuflativos.
Na época da
escravidão negra, haviam outras tão cruéis quanto, afinal, o coronelismo, o
machismo exacerbado, o silêncio do contraditório imposto, o horror do
separatismo de todas as formas e em todos os lugares se faziam sempre
presentes.
O ser humano
ora escraviza, ora é escravizado, mas em todas as situações se encontra preso à correntes nem
sempre possíveis de serem vistas, mas igualmente poderosas nas crueldades.
A legítima
liberdade, simplesmente não existe, pois, mesmo que a criatura humana se isole,
ainda assim, sentir-se-á preso e escravizado à solidão e ao recalque de não
poder ser o que deseja em meio aos demais, sentindo-se escravo de sua própria
voz interior, que de todos os chicotes, com certeza é o mais brutal, por ser
legitimamente revelador.
Talvez por
intuição, a criatura humana busque se aturdir de alguma forma, maneira simples
que encontra de pensar que é livre.
Assustadora
é a conscientização de que liberdade é tão somente mais uma utopia servindo de
ópio enganador.
E na busca
incessante por liberdade, a criatura se acorrenta a novas e sempre
surpreendentes escravidões.
Regina
Carvalho/11-2019
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