sábado, 30 de novembro de 2019

ESCRAVIDÃO ...



A escravidão não acabou, tão somente ampliou e se diversificou, adquirindo sofisticação e mil disfarces camuflativos.
Na época da escravidão negra, haviam outras tão cruéis quanto, afinal, o coronelismo, o machismo exacerbado, o silêncio do contraditório imposto, o horror do separatismo de todas as formas e em todos os lugares se faziam sempre presentes.
O ser humano ora escraviza, ora é escravizado, mas em todas as  situações se encontra preso à correntes nem sempre possíveis de serem vistas, mas igualmente poderosas nas crueldades.
A legítima liberdade, simplesmente não existe, pois, mesmo que a criatura humana se isole, ainda assim, sentir-se-á preso e escravizado à solidão e ao recalque de não poder ser o que deseja em meio aos demais, sentindo-se escravo de sua própria voz interior, que de todos os chicotes, com certeza é o mais brutal, por ser legitimamente revelador.
Talvez por intuição, a criatura humana busque se aturdir de alguma forma, maneira simples que encontra de pensar que é livre.
Assustadora é a conscientização de que liberdade é tão somente mais uma utopia servindo de ópio enganador.
E na busca incessante por liberdade, a criatura se acorrenta a novas e sempre surpreendentes escravidões.
Regina Carvalho/11-2019

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