Não há nada
mais democrático e ao mesmo tempo ridículas que as campanhas eleitorais em que
os candidatos percorrem as comunidades exibindo geralmente uma simpatia e desprendimento
pessoal que não lhe são peculiares, distribuindo abraços, beijinhos, prendas
variadas e um sem número de promessas, em sua maioria velhas retóricas, que se
eleitos raramente serão atendidas, se não houver no local, indicadores
políticos que lhe interessem para uma possível reeleição.
Pior que
todo mundo sabe disso e ainda assim, por razões variadas, mas tendo em comum
interesses pessoais chamados de “cultura”, as cenas circenses se repetem a cada
quatro anos, sem que haja qualquer adição de um roteiro menos banal e
repetitivo.
A depender
do bolso do candidato, festas são oferecidas, cervejas distribuídas, justo para
que o clima de festa leve o cidadão a acreditar que ele e sua comunidade são importantes
para o candidato e seu grupo.
Qual nada,
passada a euforia com a abertura da última urna eleitoral, os perdedores
desaparecem e com eles todo e qualquer espírito de solidariedade e simpatia, e
os ganhadores, cada qual, nos seus troninhos de glória, passam a acreditar que
são os escolhidos de Deus e que precisam como primeira medida, manterem-se
afastados dos perigos que passam a ronda-los, fechando-se em redomas de vidros palacianos
da arrogância, cercados de seus mais fiéis escudeiros, onde a criança
remelenta, o pobre e o desvalido, já não os alcançam mais, a não ser, é claro,
nas datas cívicas, nas festas tradicionais e nas inaugurações, onde reforçam
suas retóricas de campanha, sempre visando que Deus novamente os escolham, como
mensageiros divinos, nas próximas eleições.
E nós, os
eternos bobocas puxa-sacos dos escolhidos diretamente por Deus, dizemos com
lágrimas nos olhos pela vitória alcançada: amém, “ e em seguida, ao som de
algum trio elétrico ou carrinho de som, gritamos eufóricos, “VIVAS AO REI”, mesmo
que nossas vidas na gestão passada tenham sido regadas pelas decepções.
Que coisa,
viu!!!!
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