segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

VIVA O REI!...



Não há nada mais democrático e ao mesmo tempo ridículas que as campanhas eleitorais em que os candidatos percorrem as comunidades exibindo geralmente uma simpatia e desprendimento pessoal que não lhe são peculiares, distribuindo abraços, beijinhos, prendas variadas e um sem número de promessas, em sua maioria velhas retóricas, que se eleitos raramente serão atendidas, se não houver no local, indicadores políticos que lhe interessem para uma possível reeleição.
Pior que todo mundo sabe disso e ainda assim, por razões variadas, mas tendo em comum interesses pessoais chamados de “cultura”, as cenas circenses se repetem a cada quatro anos, sem que haja qualquer adição de um roteiro menos banal e repetitivo.
A depender do bolso do candidato, festas são oferecidas, cervejas distribuídas, justo para que o clima de festa leve o cidadão a acreditar que ele e sua comunidade são importantes para o candidato e seu grupo.
Qual nada, passada a euforia com a abertura da última urna eleitoral, os perdedores desaparecem e com eles todo e qualquer espírito de solidariedade e simpatia, e os ganhadores, cada qual, nos seus troninhos de glória, passam a acreditar que são os escolhidos de Deus e que precisam como primeira medida, manterem-se afastados dos perigos que passam a ronda-los, fechando-se em redomas de vidros palacianos da arrogância, cercados de seus mais fiéis escudeiros, onde a criança remelenta, o pobre e o desvalido, já não os alcançam mais, a não ser, é claro, nas datas cívicas, nas festas tradicionais e nas inaugurações, onde reforçam suas retóricas de campanha, sempre visando que Deus novamente os escolham, como mensageiros divinos, nas próximas eleições.
E nós, os eternos bobocas puxa-sacos dos escolhidos diretamente por Deus, dizemos com lágrimas nos olhos pela vitória alcançada: amém, “ e em seguida, ao som de algum trio elétrico ou carrinho de som, gritamos eufóricos, “VIVAS AO REI”, mesmo que nossas vidas na gestão passada tenham sido regadas pelas decepções.
Que coisa, viu!!!!

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