quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

NOSSO ATRASO É ASSUSTADOR



Dezembro está caminhando e anunciando o fim de 2019.
Sinceramente, não pensei que viveria tanto e sou muito grata à vida por ter sobrevivido a tantas tormentas, mas em meio as alegrias da constatável vida repleta de alegrias, saúde e paz, não tenho enxergado a possibilidade de, enquanto vida, poder ver o meu país menos corrompido e mais limpo dos vícios políticos, que de tão velhos, já se mumificaram, dando a nós, que muito vivemos, a percepção de que a cada década, se recriam a partir da mesmice das escolhas mal feitas por serem mal avaliadas.
Vejam bem, se numa cidade pequena como Itaparica, assim como muitas outras até mesmo menores, onde as pessoas se conhecem desde sempre, o povo não consegue avaliar com mais precisão, imaginem então, estas mesmas pessoas, votando para deputados, senadores e presidentes.
Particularmente sou uma cinéfila inveterada e, além de apreciar toda a composição do filme, retenho minha atenção nos locais em que os mesmos são filmados e, é incrível, como em todos os locais considerados pequenos, existe uma base de apoio ao cidadão, onde se encaixam: Igreja, delegacia, hospital, correio, rodoviária e o conselho dos cidadãos, e isso, no caso americano, desde o velho oeste.
Aqui no Brasil, exemplo de Itaparica, que pelo censo de 2010 possuía 20.725 habitantes, nada funciona a contento, sem esquecer que não dispomos de delegacia, não temos rodoviária e nem transporte público, assim como o serviço dos correios, como já falei, é precário. No tocante a saúde, dispomos de um hospital sem constância de especializações, e as Igrejas, pouco ou nada atuam no contexto social geral da cidade, ficando suas forças restritas aos seus grupos de fiéis e às manobras políticas, e quanto ao conselho de cidadão, simplesmente não existe.
Portanto, esperar que dentre os  20.725 munícipes, sendo que, 3.378  analfabetos, segundo o mesmo censo, tenham condição de proceder uma escolha dentro dos padrões mínimos de conhecimento sobre as atribuições de um vereador, assim como esperar que os eleitos tenham,  é simplesmente uma cegueira, pois os mesmos são  reflexos de uma população visivelmente deficitária de maiores atenções, levando em conta que um outro tanto dos cidadãos, bastante expressivo, não possui o fundamental completo.
Naturalmente, esses dados mudaram nestes quase 10 anos, mas certamente, pelos exemplos apresentados no cotidiano político da cidade, muito pouco se alterou, já que é público e notório o fracasso da educação em todo o território nacional.
Não se pode esquecer dos analfabetos funcionais que assolam as repartições públicas.
Uma Câmara de vereadores para que seja atuante em uma cidade minúscula como Itaparica, torna-se necessário que seus membros tenham a capacidade de entender as suas atribuições básicas, que vão mais além de discursos inúteis e denúncias que jamais são investigadas.
Que todo cidadão está em seu direito de candidatar-se à um cargo público, ninguém discute, afinal, está reservado o direito na Constituição, todavia, é preciso que haja senso crítico do candidato e por parte de seus futuros apoiadores.
Não se discute decência e ética, afinal, todos deveriam possuir, portanto, não se pode votar em alguém só porque é honesto e simpático ou que desenvolve algum trabalho social, afinal, vereador é para promover constante vigilância nas contas públicas, assim como sugerir e cobrar benfeitorias na cidade, sendo a voz e a consciência do povo.
Certamente, não podemos mudar o Brasil, mas podemos dar um rumo melhor para a nossa cidade.
Por enquanto, não estou vendo como...

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