Cinco horas sentindo o bendito sol atravessar todas as roupas que eu vestia para conter o frio sempre presente — frio teimoso que não se deixa vencer pelo esforço quase inútil do ameno sol em tocar meu corpo. Mas, enfim, pude senti-lo na pele do rosto, assim como nas minhas mãos e, de repente... ah, que prazer, meu Deus!
Nada mais importava além de deixar meus sentidos se entregarem, sem reservas, a este parceiro de vida que tão cedo me conquistou e a quem tão cedo me rendi. Lembro-me dos meus olhinhos de criança feliz, fixando-o sem medo, pois, ao fazê-lo, via estrelas douradas caírem sobre mim.
Mamãe, desesperada, gritava:
— Já lhe falei mil vezes para não olhar para o sol, pois ele pode lhe cegar!
Cegar? Qual nada.
Mal ela virava as costas, lá estava eu, deitadinha no piso do terraço, braços abertos, sendo abraçada por ele, meu amado sol.
Que manhã maravilhosa! Afinal, se do céu Deus me presenteava com o sol, depois de tantos dias nublados, na terra eu ainda contava com a companhia do meu filho e da minha nora, paparicando-me numa aventura matinal de compras, risos e comilanças.
Que mais posso querer desta vida, se desde o dia em que nasci o amor me rodeia, me ampara e me nutre? Até pássaros e borboletas parecem empenhar-se em me agradar, e até mesmo do universo sinto energias se aproximarem, abrindo minha alma para uma alegria constante.
A pura e gostosa alegria de me sentir vivendo, amando e sendo amada, mais que demais... Numa constatação indiscutível: eu sempre tive de tudo — até mesmo, perdoe-me Deus, quando pensei não ter mais nada.
BOA NOITE!!!
Regina Carvalho – 30.8.2025 – Tubarão, S.C.
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