Acordei pensando que a vida em sociedade sempre exigiu pequenas danças de gentileza: o “bom dia” que abre portas, o “por favor” que afasta arestas, o “obrigado” que encerra conversas sem fechar corações. Hoje, essas danças parecem fora de moda. Trocam-se os passos por cotoveladas verbais, respostas secas, olhares que pesam mais do que chumbo. A leviandade e a indiferença, ditam o tom.
Observo que as pessoas estão acabrunhadas e tristes e nem percebem...
Não é de agora que a violência existe, mas antes, ela vestia disfarces. Hoje, sai à rua despida, sem pudor, escrachada e com voz alta. No trânsito, na fila do supermercado, nas redes sociais...
A agressividade tornou-se linguagem comum. Já não se trata apenas de brigas e crimes, mas da erosão silenciosa dos gestos elegantes...
Penso que gentileza não é frescura e sim, blindagem. É ela que impede que o atrito diário se transforme em faísca e, desta, em incêndio. Quando a perdemos, ficamos nus diante do pior de nós mesmos.
Gentileza virou peça de museu. “Bom dia” é artigo raro, “com licença” é língua morta.
A violência, essa, está na moda...
O pior? Já nos habituámos. Quando alguém é gentil, desconfiamos. O que será que ele, quer?
E assim seguimos: civilizados só no papel, bárbaros nas emoções.
Talvez a elegância na convivência não esteja na moda porque ela não gera “likes” imediatos. Mas, num mundo saturado de urgências e gritos, ser gentil é quase um ato revolucionário.
Enquanto houver quem ofereça o assento, quem segure a porta, quem sorria sem motivo, haverá esperança. E talvez, só talvez, consigamos vestir a violência com o mesmo disfarce antigo chamado “respeito” que não se impõe pela força, mas pelo exemplo.
Regina Carvalho- 15.8.2025 Tubarão S.C
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