Nesta quarta-feira, acordei pensando em Schubert e na sua Serenade, uma das músicas mais deliciosas que preciso ouvir de vez em quando no meu cotidiano. Ela traz-me uma espécie de paz que gosto de compartilhar com todos aqueles que acessam os meus perfis públicos. Hoje, especialmente, penso na responsabilidade social de todo aquele que tem o privilégio de se tornar público, esteja ele em qualquer palco, onde haja uma plateia.
E aí, penso na diversidade dessas plateias, compostas por pessoas únicas, onde cada um carrega consigo o seu próprio universo. Equalizar por instantes, horas ou anos este conglomerado humano tão diverso em ideias e ideais jamais será uma tarefa fácil, exigindo, acima de tudo, sensibilidade, carisma e competência de quem o conduz.
Infinitas são as encenações necessárias para que as cortinas dos palcos cotidianos não se fechem ao grande público, exigindo criatividade continuada daqueles que coordenam os risos e os aplausos, os silêncios e as atenções, o ter valido a pena ou não se ter comprado o ingresso — ingresso esse que pode ser simbolizado por um aparentemente simples voto, moeda corrente que se encontra na mão indiscriminada do povo de um país, de um estado ou de uma cidade. Assim como na música de Schubert, onde cada nota encontra o seu lugar na harmonia, também na vida pública cada voz tem o seu peso e o seu valor. O voto, moeda indiscriminada nas mãos de todos, carrega em si a responsabilidade de compor o concerto coletivo de uma sociedade. Cabe a nós, enquanto plateia e intérpretes da vida, escolher se a sinfonia será de dissonâncias ou de esperança.
Regina Carvalho – 20.8.2025
Tubarão, S.C.
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