segunda-feira, 4 de agosto de 2025

CORRENTES DA IGNORÂNCIA X DISFARÇADA TOLERÂNCIA

Por incrível que possa parecer a aqueles que me leem diariamente, ontem fui dormir no dia de hoje, pois, já passava da meia noite em que eu e minha filha, absortas, assistimos o documentário global sobre a vida da jornalista Glória Maria. Em dado momento falei: Vou escrever sobre isso...

E agora, seis horas depois, desperta e disciplinada, cá estou pensando que não escreverei sobre seus méritos jornalísticos pois, creio que tudo já foi dito, mas sobre a mulher negra, num mundo governado por brancos e aí, volto ao passado, quando minha família se estabeleceu em Itaparica (Bahia) e minha surpresa e a de meu marido ao constatarmos que apesar de ser um estado com maior concentração de negros do país, historicamente, só era governado por brancos.


Então, abro um hiato reflexivo para justamente pensar, enquanto branca, o quanto, sempre fui leviana e tola ao crer que poderia mensurar as dificuldades que um ser humano negro ,passa em seu cotidiano e no quanto, sua alma deve sofrer com o maldito preconceito que dizem que acabou, mas que na realidade, apenas se acomodou as novas regras, se calando e colocando no saco da tolerância, a viola da própria estupidez.

Esse comportamento puramente de conveniência, precisará de  muito tempo e educação para se tornar uma realidade, onde verdadeiramente, negros e brancos, possam conviver não como iguais, pois, individualmente, brancos e negros, serão sempre pessoas únicas na genética e na forma pessoal de se sentirem existindo, mas com um senso respeitoso que, afinal, convenhamos, tem desaparecido em qualquer outra convivência, seja aonde for. 

Não estou escrevendo em relação aos negros globais, mas sobre aqueles do dia a dia, sem câmeras e microfones que precisam se reinventarem a cada instante, para não matarem ou morrerem ao terem que enfrentar o preconceito explicito ou a disfarçada tolerância, seja no ônibus, no trabalho, nas batidas policiais e num tudo mais que como navalha afiada, fatia a dignidade da alma e da pele escura.

Creio que é preciso quebrar primeiro as correntes da ignorância através de uma educação de base, onde ensine-se a vida como bem maior.

Regina Carvalho- 4.8.2025 Tubarão- S.C

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