domingo, 31 de agosto de 2025

PORTAS E JANELAS DA ALMA

Eu não as vi, mas certamente me acordaram barulhentamente neste domingo, último dia do mês de agosto. Será que a primavera, apressada, chegou mais cedo, amenizando o frio e trazendo o sol translúcido, que invade portas e janelas, iluminando os amanheceres?

Bendito bando de maritacas, que sequer sabia existir por estas bandas.

E aí, como não lembrar da minha Itaparica, se cada movimento das estações se fazia notar com sua própria forma de ser e de me encantar? Como o prazer que eu sentia ao abrir a porta da copa e ser abraçada pela lindeza de um novo dia, através dos braços delicados e acolhedores do sol da primavera.


Geralmente eu parava, fechava os olhos, respirava fundo e me deixava envolver pela magia da vida que, generosa, não me poupava dengos.

E das bougainvilles da casa da Pampulha, que com cachos púrpura e fartos coloriam meus olhos, mesmo quando tristonhos, inspirando-me poesias que faziam brotar sorrisos.

Penso então: que fiz eu de bom ao sol para merecer toda essa atenção?

Será, talvez, por jamais ter banalizado a sua constante presença, mesmo em dias difíceis, deixando-me despir sem perguntas ou cobranças, entregando-me apaixonadamente?

Gostoso é esse nosso amor, que se renova a cada estação, variando sons, toques, aromas e assim como sabores que, mesmo sem provar, posso imaginar...

Que as maritacas que aqui estiveram sejam guiadas pelas minhas borboletas até você que me lê, levando o meu carinho e a minha doce gratidão.

Regina Carvalho – 31.8.2025  Tubarão, SC

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