No Brasil, vive-se há décadas um apartheid educacional silencioso. De um lado, escolas que oferecem apenas o mínimo, condenando milhões de crianças à exclusão cultural e social. Do outro, uma pequena elite que tem acesso a uma formação plena, enriquecida por arte, esporte e estímulo intelectual. Essa separação cruel perpetua a desigualdade e alimenta a violência que devora nossas cidades.
Imagino como seria diferente se as escolas incorporassem, desde cedo, a música, as artes e os esportes como pilares da formação humana. A beleza de um piano de Debussy, a disciplina do teatro, a cooperação do futebol ou do voleibol: tudo isso poderia ser a semente de uma geração mais equilibrada, criativa e sensível. Educação não é apenas instrução, é formação de seres humanos capazes de imaginar outros mundos possíveis.
Darcy Ribeiro já dizia que fracassou em suas tentativas de transformar a educação. Não porque suas ideias fossem frágeis, mas porque encontrou muralhas políticas intransponíveis. Ainda assim, ele e outros como Anísio Teixeira deixaram sementes. E hoje, espalhados Brasil afora, muitos professores solitários continuam a inventar, resistir e oferecer mais do que o sistema permite.
Mas a verdade é dura: não romperemos o atraso com improvisos. É preciso um governo sério que compreenda que sem educação de qualidade, não há desenvolvimento social nem econômico. Enquanto isso não acontecer, continuaremos a “tapar o sol com a peneira”, oferecendo migalhas a um povo faminto de conhecimento.
Se quisermos mudar o Brasil, precisamos transformar a escola no coração do país. Uma escola viva, que ensine matemática e ciência, mas também música, poesia, cidadania, empatia. Só assim poderemos romper o ciclo de violência e ignorância que nos corrói.
O futuro do Brasil não será decidido nos palácios nem nos quartéis, mas nas salas de aula. E a pergunta que devemos nos fazer é simples: queremos continuar presos ao apartheid educacional ou ousaremos finalmente sonhar uma nação mais justa?
Regina Carvalho — Tubarão/SC, 26.8.2025
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