Quem nunca...

Quem me lê fazendo análises criticas sobre os comportamentos humanos, sequer pode supor a grandiosidade da minha paixão por este modelo da criação que creio ser de responsabilidade de uma energia superior, única capaz de tamanha diversificação, seja humana ou não.

Na realidade, quando hoje abro a janela a cada amanhecer ou quando, criança de olhos bem abertos me envolvia com tudo que me era possível enxergar, ouvir ou sentir, lá estava euzinha  abraçando a vida, aconchegando-me nela, sugando-lhe tudo que me fascinava.

Confesso que sem medo de ser feliz!!!

DESLIGADA... EU?

Que isso!?!  

Quando muito, chego na festa que aconteceu no dia anterior...kkk

 Que coisa, viu!!! 

De repente, estou absolutamente errada em meio a uma sociedade ligadíssima em tudo, mas minha mente é dislexia, precisando de tempo hábil para processar algumas situações que me parecem bizarrices ou tremendas sacanagens, já que não desenvolvi a expertise imediatista necessária ao convívio dos hábitos e costumes que mudam sem aviso prévio a cada estação do ano.

PONTO FINAL...

Todos os dias alguém conhecido ou não da minha geração morre, portanto, não me é possível esquecer que o ponto final está chegando e que em algum momento, terei de descer deste veículo chamado vida terrena.

Todavia, se reconheço nesta certeza, uma tremenda sacanagem, por outro, aguço a minha expertise, aperfeiçoando-me, já que não posso mais perder tempo, adiando absolutamente nada que minha mente e meus sentidos me sinalizem prazer egoisticamente, meu.

Já não sinto mais culpa pelo precioso tempo que perdi ao longo da caminhada, crendo que até pensar nele, me faz perder o tempo de agora, portanto, dane-se o que fiz  ou o que não deveria ter feito, dane-se também o que não fiz, afinal, agora é tarde para olhar pra trás, já que o tempo urge e a parada final, pode chegar a qualquer momento.

Enquanto o veículo percorre esta estrada fantástica, como de hábito, desde a infância, aprecio as infinitas nuances dos tons da natureza, sem fazer qualquer maior projeção futurista, deixando os meus olhos, apenas, como condutores apaixonados de todas as belezas que se exibem despudoradamente, pra mim.

Penso então, que se já conquistei e usufruí do tudo quanto, desejei, agora, meus planos são outros, afinal, só desejo a mim...

Descubro a cada instante, o quanto sou interessante, bonita e cheirosa, pra mim.

O quanto, sou companheira, amiga e parceira, pra mim.

O quanto, preciso só de mim pra dizer a alguém que o amo.

O quanto, a cada dia, sou uma página em branco, pra quem nela quiser escrever o que desejar de mim...

Enquanto, o ponto final não chega, vou sentindo tudo como é, amando sem perguntar porquê, degustando apenas, o que me apetece, como dantes eu fazia na sapiência da infância.

Egoísta? 

Por que não, se no ponto final, descerei sozinha.?.

Regina Carvalho. 27.02. 2024 Itaparica

QUE DELÍCIA!!!!

Hoje, amanheci com tesão, mas alto lá, calma, não comece a pensar que minha segunda-feira está erótica, não, nada disso. Acontece, que ao abrir a janela próxima ao jardim e respirar fundo como de costume, os aromas dos matos molhados, adentraram em mim e por um instante, fechei os olhos para que nada, me distraísse da gostosa sensação de prazer que se apoderava de mim...

Gente... Isto é bom demais!

Mas aí, agora já registrando esta delícia, penso sorridente que fiz amor com o amanhecer, já que a ele, me entreguei sem reservas, recebendo em troca, carícias e prazeres, então, como não estar absolutamente leve e feliz?

Neste instante, posso ouvir a chuva leve, deslizando pelas folhagens, tudo muito rápido, uma nuvem passageira, um rufado de carícias da natureza, afim de que eu possa sentir ainda mais, os aromas de sua bendita presença, num delicado beijo de despedida, já que os pássaros estão acordando, ocupando os espaços, até então, só nosso, numa arruaça sem fim...

Bom dia!!!

Regina Carvalho- 26.02.2024 Itaparica

Este é o pedacinho do jardim que mais encanta os meus olhos.

APENAS, UM BOM DIA...

Passeio pelas ruas de Itaparica, como se estivesse em alamedas de meu próprio quintal, onde tudo me é absolutamente familiar, proporcionando-me uma segurança em forma de paz.

Sinto em todos os rostos cordialidade e isto, é muito bom.

Penso, então, no quanto somos responsáveis por nossas posturas e no quanto, estas, são condutoras de mensagens harmoniosas que retornam em manifestações saudáveis do alheio em nossos cotidianos. 

Exercitar a cada instante um dar e receber com mais suavidade é antes de tudo, um ato de amor a nós mesmos, que transforma o exclusivismo em sentimento bendito, egoisticamente não abrindo mão de um constante bem estar em qualquer atividade em que nos encontremos, além de se estar também a cada instante, preservando o tudo do todo no qual, nos encontramos inseridos.

E nesta pra lá de prazerosa rotina, podemos então circular em qualquer esfera, encontrando de forma totalmente natural a cortesia, mesmo daqueles com os quais, discordamos ou discordam de nós, neste ou naquele aspecto.

Portanto, não se feche, não se enclausure, não se sinta maior ou menor que alguém, apenas, deseje ser mais uma estrelinha a doar sua luz em meio a constelação humana. 

E aí, um prosaico bom dia, um me desculpe, por favor e obrigada, operam milagres que fazem do cotidiano, um singrar suave, transformando fardos de lutas de sobrevivência, em leves bagagens de vida e liberdade, amor e consciência de nossa existência e das demais, que, afinal, partilham conosco o fabuloso prazer de se estar vivendo.

Regina Carvalho- 25.02.2024 Itaparica

Cansei, mas fazer o quê?

De repente, mas será que foi mesmo de repente ou só agora, é que finalizei?

Poxa quanto lero lero para expressar sem culpas, o quanto, precisei sofrer para concluir, que o que mais acabei fazendo na vida, foi pagar para poder viver. E que estou de saco cheio, só de ter que pensar nisto.

Então, como não posso deixar de pagar, pego a minha revolta íntima, coloco no saco dos sapos que preciso engolir e transformo pelo menos o que está ao meu alcance e aí, percebo surpresa, que não fiz outra coisa, contrariando a droga do sistema em tudo quanto, mesmo levando porradas, estava ao meu alcance. Tipo criança birrenta, adolescente irritante, adulta inconsequente.

E agora, nesta bendita idade, onde, afinal, pela longevidade, sou um somatório destas três fases, destampo a panela e deixo o vapor dos desnecessários se perder no espaço, enquanto, invisível, sigo o caminho que me resta caminhar, carregando apenas, o mínimo de contas a pagar, mas sem a panela pesada, repleta de sentimentos recalcados, emoções frustradas e um amontoado de manias que chamo de bugigangas, que só serviram para pesar e nada mais...

Que alívio meu Deus!!!

Regina Carvalho-24.02.2024 Itaparica

Rio de Janeiro nos anos sessenta

Ontem, uma amiga postou esta foto, lembrando dos finais das festa de formatura no Rio de Janeiro nos anos sessenta e imediatamente, lembrei-me dos bailes no Sírio Libanês e no Hotel Gloria, feliz por ter vivenciado um período bonito de minha juventude e de minha cidade.

No entanto, preocupei-me com os comentários ora preconceituosos, ora negacionistas e outros poucos, que fixaram suas atenções , tão somente num fato inegável de uma época.

Penso então, que em ambos os comentários negativos, reside um profundo complexo de inferioridade, fruto da inveja não contida, assim, como de um profundo desconhecimento.

Que pena, afinal, não aprendem nada que não esteja combinando com a estreiteza de suas limitações de mente e de alma.

FRATERNIDADE

Bem cedo, pela manhã

Sozinha eu estava entre a chuva e as lembranças

Então, tu chegas, bendito amigo 

escancarando o meu coração.

Ofertando-me palavras doces 

num poema de poucas estrofes 

sem sequer, uma só rima.

Tudo dito de improviso

numa suave ternura 

A quem tanto, necessitava.

Doce poeta, que logo bem cedo

Derramou sobre minha alma

 gotas de sensibilidade

em palavras simples dá mais sublime amizade

Preenchendo o vazio 

deixado em mim, pela saudade.

Boa noite, senhor das palavras

Que trouxe ao meu dia, 

Brilho e leveza

Boa noite, meu anjo poeta

Que num só ritmo e numa só métrica.

Manteve a chuva lá fora

Enxugando as lágrimas que silenciosamente, 

escorriam de mim...

“Amigo de verdade é todo aquele

 que não espera o outro pedir socorro.

É todo aquele que atento,

 divide o riso, a dor e a sensibilidade.

“Este texto ofereço aos amigos, irmãos camaradas que de perto ou de longe, estão sempre presentes.

A estes espetáculos da fraternidade, o “eu te amo”, é tudo quanto, resume a minha gratidão”.

Regina Carvalho- 23.02.2024 - Itaparica

DIGA LÁ, MEU SENHOR...

De tempos em tempos, mas cada vez por menos tempo, coloco-me diante da telinha da TV buscando um pouco mais de conhecimento da prática da convivência humana na sua mais crua e sem retoques, apresentação.

Alguns dirão que esta, não é a mais adequada maneira de se inteirar da realidade, já que é publico e até notório, o grau de manipulação abusiva das mídias em geral. Todavia, como profissional da área que atravessou mais de cinco décadas nesta labuta diária, sem, no entanto, descuidar-se da observação dos movimentos das mesmas, na busca frenética por audiência, ouvintes e leitores, fui na pratica acompanhando a necessidade delas em cada vez mais realisticamente, atender as exigências do seu público que, apesar de diferente em suas apresentações sociais, sempre tiveram em comum, um gosto especial pela tragédia humana, o voyeurismo e a dispersão mental, como refúgio de suas fragilidades pessoais.

REFLETINDO

Estou aqui pensando que não é gratuita a violência que tem nos assolado de todas as formas possíveis, afinal, ela é o troco maldito de nossas compras constantes e desregradas.

Acusamos uns aos outros, discordamos sem ponderar, amamos sem critérios, desconfiamos sem causas evidentes e matamos se somos contrariados.

Transformamos as redes sociais em válvulas de escapes de nossos infernos íntimos, fazemos de nossos semelhantes sacos de pancadas e escondemos as traves de nossos olhos, apontando freneticamente os ciscos alheios.

Nos sentimos guerreiros combatendo o mal, num endeusamento doentio, onde somos Deus e o Diabo ao mesmo tempo, onde gritamos por justiça e por ela nos tornamos vítimas e algozes.

Pouco mudou em nós, apesar das muitas evoluções. Afinal, continuamos escravos da insistente insanidade.

Vaidade sorrateira, arrogância camuflada, medos disfarçados...

Humildade produzida com as folhas secas da insensatez.

Regina Carvalho-22.02.2024 Itaparica

Quando um Governador, num discurso inflamado, imputa às escolas e consequentemente ao seu corpo de professores, diretores, coordenadores e etc. e tal, a responsabilidade da reprovação de alguns ou muitos alunos e dias depois, afirma na cara dura, que as críticas dirigidas as gestões, são tão somente, fruto de insatisfações pessoais, vaidades e invejas, fico aqui pedindo a Deus, socorrooooo!!!!

Gente, que banalização é esta?

Que Diabos de alienação a mais, será enfiada goela a baixo de quem, sequer teve a oportunidade de se sentir existindo, além dos momentos pontuais, quando então, aplaude a que lhe paga ou quando, segue freneticamente um trio elétrico?

Como é possível a um líder, proferir tamanhas discrepâncias?

REFERÊNCIAS...

Se por um lado, não sou uma pessoa religiosa, por outro, sinto-me escudada e protegida por figuras humanas ou não, altamente inspiradoras que me incentivam a cada instante a não esmorecer no meu propósito de passar por esta expressão de vida terrena, buscando sempre uma evolução pessoal, tendo-os como sinalizadores incansáveis, fazendo de cada, um alerta, um aprendizado.

Se por um lado é maravilhoso, por outro, também pode ser assustador, pois, na medida em que me aprofundo nas realidades que o sistema apresenta, mais e mais descubro a complexidade da mente humana, seus disfarces criativos, assim como, sua genialidade nem sempre agregadora.

Então, por uma questão pessoal em não me sentir perdida ou constantemente aflita no centro de uma arena com feras esfomeadas, elevo minha mente para o que chamo de “minha tropa de elite”, benditas forças energéticas e aí, sigo adiante, numa fé inabalável de que, estando com Deus em mim, seus fiéis escudeiros, também me protegerão, principalmente de mim...

Que nesta terça-feira, sintamo-nos protegidos com as genuínas forças vibratórias das energias amorosas que sejamos capazes de produzir e manter em nós, inspirados nas referências que nos sejam afins.

Salve o melhor de nós!!!!

Regina Carvalho-20.02.2024-Itaparica

 

Ilusões perdidas

225 anos depois, acordo pensando em Honoré de Balzac e numa das suas principais obras que inclusive, inspirou a feitura de um belo filme francês, “llusions perdues” (será que é assim que se escreve?), que foi lançado no Brasil em 2022, e que narra a história de um jovem idealista e sonhador.

De repente, minha inquieta mente, voa para 1982 e ouve Maria Bethânia cantando Luzes da Ribalta, resgatando a genialidade de Charlie Chaplin, numa salada de lembranças que esbarram na minha própria vida e certamente, na de infinitas outras pessoas de uma geração mais ingênua e repleta de ilusões, que no transcorrer das décadas que se seguiram, foram se perdendo em meio as realidades de um sistema humano, repetitivo, mas sempre criativo e cruel, na forma de soterrar o melhor de cada criatura.

ÉTICA

Criança levada que tenta escapulir ao menor descuidou ou tentação, daí a importância de conhece-la mais profundamente, principalmente, na área do escapismo e das inocentes concessões.

A ética não é variável e muito menos pontual e sim, como o ar que se respira, constante e insubstituível para a manutenção de uma vida livre.

A ética oferece a liberdade de escolha, assim como o espaço livre para que se possa voar sem entraves, correntes ou qualquer elo de aprisionamento entre o ser humano e o tudo mais.

Não se deve fazer e agir desta ou daquela forma, não porque seja errado e sujeito a punições, mas unicamente por não parecer adequado e bom.

Quando se age com ética, valoriza-se o justo e o nobre, exaltando-se o belo, o inviolável.

Várias são as tormentas vivenciais, capazes de fazer o ser humano, optar pela ética, fazendo saltar de sua mente a bendita consciência, que a partir daí, não mais se deixará corromper, tal qual, os aromas imutáveis da terra molhada, depois das fortes chuvas.

Estar atento é imprescindível, pois, as tentações são constantes e as justificativas infindáveis e até a mais resistente consciência, pode sucumbir diante do provável, do sempre desejado.

Mateus 26.41

‘Vigiai e orai, para não cairdes em tentação. O espírito, com certeza, está preparado, mas a carne é fraca”.”

Regina Carvalho-17.02.2024 Itaparica

O APOCALÍPSE CARNAVALESCO...

Incrível é a capacidade humana, quanto a distorção dos fatos, afim de adequá-los aos seus propósitos comerciais e mentais.

Não saberia dizer qual o mecanismo emocional que leva um ser humano à pratica de crenças e rituais bizarros, contrariando o bom senso, a lógica, o senso de oportunidade, o ridículo e o que é pior, ao incentivo a polarização que estimula as divisões, os preconceitos e o consequente ódio que por sua vez, destrona o bom e justo, dentro de uma cultura, colocando-se como dono de uma verdade irracional e o que é pior, usando uma suposta felicidade e até mesmo, DEUS, símbolo da honradez e justiça...

EU TE AMO...

A importância de um “eu te amo” sem qualquer outra pretensão que não seja, tão somente, que o outro se sinta especial é simplesmente um presente do universo, que poucos sabem oferecer, assim como, também poucos estão abastecidos da devida  humildade para receber e sentir-se grato.

Durante minha vida, escrevi muito a respeito, esperando ter conseguido semear esta sementinha bendita, fazendo com que cada uma, tenha brotado no coração daquele que leu.

Creio que tenho conseguido, afinal, levanto e me deito com alguém de perto ou de longe me enviando estas benditas palavrinhas que fazem a maior diferença nos instantes dos meus dias e noites, onde a paz se abriga.

Pensar em Deus e crer-se filho amado é fácil, bastando ajoelhar-se orando ou louvando, difícil é calçar as sandálias de seu filho Jesus e caminhar vida afora, semeando o único elo capaz de mantê-lo dentro de si, que são as sementes do amor.

Sei o que falo e escrevo, afinal, como teria sobrevivido as tempestades dos desertos ressequidos e as tormentas impiedosas dos mares bravios, senão estivesse blindada com as vibrações que envio e recebo cada vez mais fortes e resistentes.

Mil são as formas em se dizer “eu te amo”, mil são as formas em ouvi-las.

Uma quinta-feira já na quaresma, esperando que

até o dia 28 de março, o “eu te amo” venha a fazer parte da tua convivência mais íntima com Deus e o tudo mais, através do perdão, da solidariedade, do carinho e do respeito começando por si mesmo.

Regina Carvalho- 15.02.2024 Itaparica

É SEMPRE BOM LEMBRAR

Estou aqui pensando neste final de tarde, muito encalorada, que não precisei de tragédia pessoal e tão pouco adoecer para reconhecer a importância da vida e para conservar as boas lembranças que, afinal, foram responsáveis pela minha formação de pessoa humana. E isto me faz sentir um enorme bem estar, pois não me sinto ingrata ou incapaz de sentir e enxergar o tudo de bom, que fui vivenciando neste longo percurso.

E não ser ingrata tem uma dimensão absurda de valores para mim, afinal, a gratidão é a base formadora de infindáveis outros sentimentos, capazes de me manter não só atuante, mas, acima de tudo, ligada em emoções mais leves e gratificantes.

CRONISTA, sim senhor...

Pensar em Espinosa e Noel Rosa, logo as cinco horas da manhã de uma quarta-feira de cinzas, confesso que aceito não ser muito normal, mas o que posso fazer, se minha mente é esta negação contínua desta chata e monótona normalidade?

Todavia, pra mim, ambos têm tudo a ver entre si, afinal, suas propostas e produções individuais, cada qual, no seu quadrado existencial (sem limites demarcastes para suas mentes), tornaram-se atemporais como que exímios cronistas dos costumes humanos em seus devaneios mentais, daí, minha enorme identificação com ambos.

VIVENDO E APRENDENDO...

Na tarde de ontem, vi e ouvi a revolta da passarinhada, que transformou meu jardim e a circular varanda em campos de batalhas, com direito  as algazarras ainda não ouvidas, além de uma bagunça extrema com a destruição de velhos e novos ninhos, amanhecendo o dia de hoje, repleto de penas, cocos e ovinhos por todos os lados, o que me faz pensar que os temperamentais sabiás lutaram bravamente, mas não conseguiram salvar seus ninhos e aí, terão sido os bem te vis cansados de serem enxotados do sossego de seus galhos que, unidos aos papa capins e assanhaços e tantos outros, resolveram dar uma coça bem dada nos sabiás, abusados metidões da valentia?

O que eu sei é que sobrou pra mim, limpar os estragos...

Pois é, vivendo e aprendendo...

Afinal, quando sozinhos somos incapazes de vencer os inimigos que nos oprime, o melhor a se fazer é unir forças, buscando parceiros também sofredores para juntos, irmos pra cima, obrigando os “sacripantas” a descerem do salto, baixarem as crinas dos seus contínuos abusos.

Êta natureza bendita, incansável nos ensinamentos que se bem observados, mostram caminhos e estratégias a serem copiados.

SACRIPANTAS- Pessoa desprezível que não demonstra nem possui dignidade; que engana de maneira proposital; velhaco. Pessoa que é indigna; patife. Pessoa que demonstra ser beata, mas não é.

Regina Carvalho- 13.02.2024 Itaparica

RESSACA...

Pera aí, não estou falando de bebida, mas do mar. Foram minutos apavorantes e inesquecíveis que vivenciei no início dos anos sessenta na companhia de minha mãe no posto 10 em Ipanema.

Ainda me lembro que sendo puxada por uma das minhas mãos, corria com o corpo meio de lado, temendo ser engolida pela água que insistia em tocar no meu calcanhar e mesmo, já na calçada, ainda corríamos desesperadamente, pois a violência da força descomunal das ondas, lançava-se  alto e distante, chegando quase na esquina da rua Anibal de Mendonça com Visconde de Pirajá, quando então, nos foi possível uma pausa para simplesmente respirarmos com os nossos corações, dando a impressão que sairiam pelas nossas bocas. Esta foi a minha primeira literal experiência com o medo. 

LIÇÃO DE LIBERDADE...

Textão.

Eu já deveria saber, tentar contrariar as lembranças que minha mente aflora é pura perda de tempo, afinal, ela é teimosa, persistente e incansável. Portanto, resta-me obedecê-la, deixando que se expresse e hoje, ela destaca minha mãe, certamente a mulher mais livre que conheci por toda a minha vida e a ela oferecer minhas devidas reverências.

Hoje, depois de tantas caminhadas, impossível não registrar o fenômeno de liberdade que ela representou, se for levado em conta que nasceu em 1920, no seio de uma família de imigrantes camponeses portugueses, não tendo tido a oportunidade de muitos estudos formais, genuinamente refinada, absurdamente talentosa, inteligente e linda.

Pedacinho de céu...

De repente, a chuva rápida se foi abrindo passagem para o sol deste verão mais abrasador como jamais o senti e que enganador vai se chegando, meio arisco, esgueirando-se entre telhas, galhos e muros como se não quisesse nada e assim, dele me descuido e só me dou conta, quando o suor encharca meu rosto e corpo.

E aí, como em tudo enxergo o bendito amor, logo imagino-o sorrateiro se chegando de mansinho, despertando aquelas emoções dantes ainda não sentidas e por isso, se eterniza por terem sido absolutamente especiais, mesmo que como a chuva, se tenha ido, abrindo espaço para novos e surpreendentes, sóis...

DESCOBRI QUE SOU “BI”

A cada dia uma surpresa, a cada instante, um motivo para sorrirmos de pura satisfação e aí, hoje acordei pensando no muito que deveria fazer, mas cá pra nós, com uma preguiça assustadora, num misto de gratidão e revolta, afinal, gratidão por ser esta mulherzinha arretada que gostaria de  permanecer na cama sem nada pra fazer, mas revoltada por estar sozinha sem ter quem me esquente, então, digo pra mim mesma; “isso é uma sacanagem que não tem graça”, afinal, levantar, sem ter a quem beijar, fica monótono, então, o jeito é tomar vergonha na cara e ir recolher as palhas do coqueiro que o vento derrubou pela madrugada, fazer o cafezinho matinal que faz a sua parte, aquecendo o meu estômago, sentar e escrever os delírios de minha mente e aí, quem sabe, eu descubra como ocorreu agora, que longe, alguns até bem distantes, pensam em mim, se alimentam um pouco de mim e se não bastasse, ainda me enviam mensagens que são como doces e quentes carícias, logo ao amanhecer.

Percebo encantada que na realidade sou”bi”, atraindo os carinhos de homens e mulheres que se por um lado, sou capaz de amar sem preconceitos, fazendo de minhas palavras e minhas intenções, carícias e beijos, que os fazem despertar para o melhor de si mesmos, a mim, cada um deles, esquece que tenho gênero, cor e idade e me fazem gozar na completude do prazer, arrancando dos recôncavos do meu todo de criatura humana, sorrisos benditos, repletos de gratidão.

Bom dia!...

• Este texto, ofereço a amiga Mauricea  Souza de Lira  que reparou logo bem cedindo, que faltava na minha foto, o bendito sorriso que sempre me caracterizou. Trem bom da conta, sô...

Buscar no passado

 "Buscar no passado o exitoso, engrandece o presente que, muitas vezes se encontra frágil. Isto é antes de tudo sabedoria, jamais retrocesso.

" Regina Carvalho- 08.02.2024 - Itaparica

CURIOSA

Característica maior de minha personalidade que de tão marcante, muitas vezes, retém o natural fluxo de minha atenção, quanto ao todo, seja lá do que for, optando em focar num aspecto que por alguma razão, minha mente tenha elegido como importante.

E aí, pensando desta forma, optei em não ser uma pessoa religiosa, justo, porque acreditei que assim sendo, teria um campo mais amplo e irrestrito de visão. 

Analisando o que esta decisão operou em mim, hoje muito mais consciente, posso sentir na pratica, que afinal, foi uma decisão adequada para a minha personalidade fuçadora, já que preciso fundamentar minhas ideias, ideais e consequentes opções com a liberdade sem culpas e castigos de poder reconhecer erros avaliativos, também, seja lá do que for.

GENTE, CAVALOS, TIGRES E A MINHA BUANA

Paixões que encantam meus olhos, excitam minha mente, estimulam os meus sentidos, garantindo-me a paz.

Todavia, somente com gente e a minha Buana, pude infinitas vezes, exercitar o abraço, o beijo ou simplesmente admirar, sentindo-os bem próximos, quando então, pude fechar os olhos e, apenas relaxar, sabedora dá mais segura proteção.

Pois é...

Simples assim... Se não fosse tão raro encontra-los, dirão alguns ou muitos, já que nos dias atuais as disputas em relação a tudo, andam tão acirradas, fazendo do outro, um adversário, um empecilho, um risco eminente.

“MAMÃE EU QUERO”...

Nesta manhã encalorada de fevereiro, as vésperas do carnaval, com a minha Itaparica repleta de turistas e veranistas para a felicidade dos barraqueiros, hospedeiros e vendedores ambulantes, penso, que realmente, baiano é a espécie humana mais dançante e resistente da face da terra, com raras exceções.

Eu, oriunda do Rio de Janeiro, fruto de um povo que gosta de um furdunço, sou uma daquelas figuras que jamais se enquadraram neste aspecto, onde a descontração move corpo e mente, num só compasso de alegria.

Será que sou menos alegre e feliz?

Provavelmente, esquisita?

Talvez...

Se a Bahia me deu, régua e compasso para eu traçar meus caminhos até a paz, porque, não me conduziu também ao caminho de tantos risos, tantas alegrias?

Não sei...

Não sou a jardineira triste e nem um dos mil palhaços no salão, também não estou com a buda exposta na janela e tão pouco, peço; me dá um dinheiro aí, assim como não se abre alas para eu passar, tão pouco confundo cachaça com água, mas com certeza, neste período festivo, só sei gritar; mamãe eu quero, uma casa no campo, onde eu possa escrever sobre o tamanho da paz...

Bom dia! Esperando meus amigos para que eu possa plantar meus discos e livros e nada mais...

Regina Carvalho-06.02.2024 Itaparica

LOGO PELA MADRUGADA...

O dia sequer amanheceu e já estou a postos frente ao meu “amigo” computador, compondo palavras em um agrupamento de benditas letrinhas que ao serem juntadas, levam-me a crer que faço exatamente o que me satisfaz, proporcionando-me uma imensa satisfação que não troco por absolutamente nada, até mesmo permanecer no aconchego de minha cama quente, hoje, sem o meu amor.

São 5:00 horas, pássaros e grilos em coro, fazem-me companhia.

Nossa! Como sou pretenciosa ao crer que a mãe natureza busca a minha companhia. 

Por que não? 

Afinal, sou fiel, amiga e parceira. Troco com ela confidências, sorrisos e até, choramos juntas.

EVIDÊNCIAS QUE FAZEM A ALMA GRITAR..

Quatorze horas depois de sair da casa da preciosa “Dona Cassimelia”, no Campo Formoso, ainda agora, precisei rezar, pedindo aos meus amigos espirituais, direcionamento para o registro doído de minha alma em relação a surrealidade do que sua filha “Graça” me relatou. 

Todavia, foi a música “Evidências”que acabei de ouvir na voz do nosso Roberto Carlos que finalmente, desbloqueou minha mente, liberando todo o espanto que me acometeu, enquanto, ouvia a maior surrealidade dos últimos tempos desta gestão em relação ao patrimônio vivo que deveria ser intocável, pois, ainda respira vida, sentimentos e memórias.

COISA PRA MALUCO”...

Apesar de ter começado o meu dia online, publicando samba e clássicos da MPB, é com a “Serenata” de Franz Schubert, executada pela Camerata de Florianópolis, que mais me identifico neste amanhecer encalorado de fevereiro.

Não me sinto triste e nem alegre, como se de repente, em minha mente, a neutralidade estivesse presente, deixando desfilar em sua passarela, emoções, sentimentos ou apenas, fatos ocorridos, sem maiores envolvimentos de sua parte, a não ser, vez por outra, quando algum absurdo seja tão evidente, que lhe seja impossível, não intervir...

IRREVERENTE E PASSIONAL

O tempo passou, no entanto, esta marca ficou indelével em minha personalidade, exigido da minha mente, um contínuo freio, nem sempre exitoso, afinal, minha natureza rude, numa mistura de sangue campônio português e italiano, sem meias palavras e muita volúpia emocional, inegavelmente, permeou minha constante intensidade...

Nada meia boca, jamais me bastou, tudo sempre precisou ser absolutamente completo, até mesmo, quando, como agora, esforço-me drasticamente para simplesmente, nada mais me ser importante, além da paz que, de repente, me abraçou como um ardente amante.

No capítulo da noite de ontem da novela “Renascer”, vi-me no papel da ingênua “Santinha” genuinamente safadinha, fazendo-me lembrar dos meus quinze anos, iniciando-me no amor, através do beijo. 

Meu Deus, que delícia!!!

Jeferson que assim como eu, também naquele instante estreava, formou comigo o mais entusiasmado e ingênuo casal de beijoqueiros.

Estou sorrindo e acreditem, foi tão bom, que agora lembrando, posso ainda sentir toda a potencialidade da beleza daqueles momentos de delírios que de tão importantes, se imprimiram nos meus sentidos, delineando a minha forma de amar, sempre muito autenticamente irreverente e passional, transformando o tudo mais, em apenas detalhes das circunstâncias ocasionais.

Pois é, se não pude frear as ações do tempo na estética física, com certeza com a mente e as emoções, tenho tido sucesso, alimentando meus neurônios, com as deliciosas lembranças que pontuaram e ainda pontuam a minha vida.

Tudo precisa ser muito passional, afinal, a mente é minha e só eu posso determinar a intensidade do tesão que posso extrair de cada momento, que inevitavelmente se eterniza em mim...

Regina Carvalho- 31.01.2024- Regina Carvalho