De todos os meses do ano, junho sempre foi o meu favorito, pois, foi através dele, que retive em minha mente, as mais singelas e preciosas lembranças da minha infância e adolescência.
Mês de festas e folguedos, de arraiais e guloseimas, mês dos santos e das bandeirolas que colorem o imaginário.
Ainda me lembro, já faz tanto tempo, da animação de minha mãe que junto de algumas vizinhas, organizava as festas, enfeitando a rua, motivando a todos nós.
Era bom vê-la por horas, no quintal lá de casa, colando no barbante, as intermináveis bandeirinhas com a grossa cola de farinha, movimentando a garotada, numa tarefa inesquecível.
Época das sanfonas e de muita religiosidade, das batatas doces e dos bolos de milho, dos chapéus de palha e dos vestidos xadrezes, esbanjando colorido nas danças das quadrilhas.
Saudades daquele tempo em que, arisca, provava do quentão às escondidas, entre a canjica e o milho verde, enquanto, a fogueira com suas brasas estalantes, tão somente, esquentava meu coração de menina...
Sonhava vestir-me de noiva, no casório do arraial, por um único momento, numa noite de são João, mas foi no dia de São Pedro, que finalmente, o vesti.
Lá se foram 52 anos de grandes e profundas emoções ao lado do meu Roberto, pois, os fogos que por lá estouraram, cobrindo o céu de mil estrelas, coloriram também o meu rosto, minha alma e minha vida.
Viva Santo Antônio, Viva São João, Viva São Pedro, viva o bendito mês de junho, viva os sonhos de todos nós.
Que neste junho atípico de violências e muitas mortes, sejamos capazes de rogar à Deus, um pouco mais de humanidade.
Texto escrito em 13/06/2020
"Quando ao escrever este texto eu poderia imaginar que em pouco mais de um mês, meu amor morreria, deixando-me como um pássaro de asas quebradas.
Breve três anos serão contados de sua ausência e pensar que apesar das asas terem sido tratadas, ainda não me motivei a voar novamente...
Será que um dia, conseguirei?
Enquanto isso, voo com a mente, trazendo de cada voo, um pouco mais da serenidade do universo para o meu coração que tal, como as asas, ainda sente dor"...
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