Não pensem que é fácil admitir as minhas esquisitices, mas na altura de minha vida, cujo propósito foi amar, amar e amar, confesso que já posso reconhecer que, diante das intermináveis marés contrárias, não me restou alternativa que ser apenas por todo tempo, apenas o meu original, até porquê, nas raras vezes em tentei ser cópia de algum personagem que o sistema impunha, me dei muito mal, comigo, sentindo-me absolutamente deslocada.
Gostar e apreciar valorizando o belo, o exclusivo, não significa que queiramos estar inseridos ou que sejamos capazes de sofrer, por não estar, até porque, sempre obtive tudo quanto almejei.
Quem de verdade me conhece um pouco mais intimamente e de preferência a mais tempo, sabe o quanto sou apurada quanto ao melhor, mas também sabe, o quanto sou capaz de toda e qualquer maravilha dispensar, tão somente por amor, lealdade, parceria, uma tal de ética da qual me apaixonei lá atrás, ainda garota, através do curso intensivo de exemplos domésticos.
Trabalhei exaustivamente para poder manter os mais caros perfumes, as mais lindas joias, as belas e amplas casas, o fascínio de uma rica pinacoteca e tudo quanto, o dinheiro podia comprar e, no entanto, aonde estava a Regina?
Não faço apologia ao despego dos bens materiais, o que relato é uma experiência pessoal de um alguém que ao perder quase tudo, optou em não recomeçar usando a mesma cartilha, os mesmos valores.
Coisa de gente esquisita, quase louca...
E hoje, aqui no estupendo despojamento em minha Divina Itaparica, sinto-me a mais rica e poderosa senhora do universo, pois, me reconheço Regina, a mulher de gostos e paladares finos que adora se lambuzar com as mangas do quintal e disputar com os pássaros esfomeados o deguste das amoras, das pinhas e acerolas.
Adoro essa Regina, que conversa com plantas e borboletas sem se incomodar se alguém vai achar sem sentido ou mesmo, quando abraça a centenária mangueira, só para sorver suas energias, num reforço as orações, que são abençoadamente atendidas.
A Regina, quando olha para o céu, se for de dia se veste com seu manto azulado, se for a noite, se enfeita com as estrelas e todas as vezes que uma rosa, um lírio ou um jasmim desabrocha, um novo e exclusivo aroma me perfuma.
A Regina é capaz de sentir, mesmo a uma certa distância, como a de agora, um gozo puro e natural ao rever umas das infinitas cenas em que totalmente relaxada, se permitiu ser possuída pelos abraços amorosos das marolas do mar de Ponta de Areia, deixando os respingos mornos salpicarem em seu rosto, enquanto sorria, como sorrio agora...
Gosto desta Regina grata por ter como inseparável companhia o sedutor e paciente, Jesus.
Portanto, no balanço desta contabilidade de supostas perdas e ganhos em reais valores, vejo que jamais deixei de ser uma sagaz negociante, pois, acertei mais uma vez na mosca, afinal, mais rica fiquei, com uma pequena e fundamental diferença, além de ninguém poder roubar, como me fizeram no passado, ainda levarei tudinho comigo, quando desta vida espetacular, eu me for...
Afinal, o meu tesouro, reside no que sinto e sou...
BOA NOITE DA ESQUISITA...
Nenhum comentário:
Postar um comentário