Desde sempre, pude sentir Deus, muito presente em minha vida ao ponto de me convencer que por algum motivo em sua avaliação, eu deveria ser uma filha predileta, alvo de suas bênçãos que me chegavam, através de variadas experiências repletas de muitas emoções, que sempre foram altamente gratificantes ao ponto de sentir-me especial aos seus olhos.
Esta atenção divina alimentou em mim, um senso enorme de gratidão, e este, foi o grande selecionador de minhas escolhas no decorrer de minha vida, mesmo que aos olhos alheios, eu parecesse no mínimo fora do contexto.
Aconteceram e ainda acontecem e espero que seja, assim, até que eu deixe esta vida, inerências inesperadas com a aproximação de lindas criaturas que só chegam para somarem carinho, atenção em minha vida, assim como, um véu invisível, mas resistente, que mantém a uma certa distância, tudo quanto, possa mudar o rumo do melhor de mim.
Lembro-me então, de uma pergunta que fiz a minha mãe e que deu origem ao meu primeiro texto, que intitulei “EU E O MAR”, escrito aos 14 anos e que dizia:
“Mãe, porque o mar beija a areia tão docemente e choca-se ao rochedo com tanta rudeza”?
A explicação que ela me deu foi a seguinte:
“Beija a areia por ser uma mãe carinhosa e bate no rochedo como um pai bravo, impondo o seu poder.”
A sua resposta ficou na minha cabeça e em todas as vezes em que eu, ia à praia, pensava a respeito, observando e tentando compreender os movimentos incessantes, diante de meus olhos curiosos.
“A areia recebe, abraçando o mar, assim como o rochedo se mantem imóvel e frio, às investidas do mesmo mar.
Precisei de muito tempo para entender a mensagem contida na resposta de minha mãe, afinal, percebi que a convivência com o diferente e tudo e todos sempre seriam diferentes, portanto, seria preciso, que eu tivesse, a doçura do acolhimento, tanto quanto, a necessária resistência para a preservação da minha originalidade.
A areia abraça o mar, o rochedo impassível resiste.
Por que estou relembrando esta passagem de minha adolescência?
Talvez, por me sentir uma eterna aprendiz, sempre aberta aos novos ensinamentos, mas também, sempre atenta na conservação de minha própria originalidade.
Ser sempre o que se é, com certeza é um enorme desafio...
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