O dia amanheceu cinzento e banhado de muita chuva e de onde estou, posso vê-la incansável deitar-se sobre o gramado depois de lavar incessantemente os galhos da mangueira que permanecem estáticos, fazendo-me lembrar dos banhos de cachoeira em Guapimirim, quando eu me abraçava e permanecia inerte nos primeiros instantes, até que meu corpinho frágil e quentinho de criança, aceitasse aquela água gelada e forte a malhar-me a pele, fazendo o sangue agitar-se, o coração acelerar e as emoções explodirem, num misto de gritos e sorrisos.
Deliciosa lembrança que traz à tona mais um flash de uma infância simplesmente espetacular, onde fui uma criança livre para sonhar e aí, penso que esta minha vocação em ser feliz, nasceu lá, entre os frondosos arbustos à beira do regato, onde minhas pequenas mãos teimosas, insistiam em alisar as piabinhas ariscas, sentindo as mil fragrâncias que meu olfato não menos livre, captava.
Esse fabuloso encontro do tato com o olfato, abriu caminho para os voos que destemida, me imaginava fazendo nas asas das muitas coloridas borboletas que bailavam diante de meus olhos.
O tempo passou, mas as borboletas permaneceram fiéis, levando-me silenciosamente aos regatos da vida, onde o possível, sempre está presente, surpreendentemente belo, colorindo o meu olhar, despertando emoções, como se o safado tempo, nunca houvesse passado.
E aí, chove lá fora, como se fosse, a cachoeira de Guapimirim...
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