sábado, 23 de abril de 2022

LUZ NAS TREVAS

Neste amanhecer ainda chuvoso e que se mantém encoberto pelas espessas nuvens, não me é possível enxergar o tenaz sol despontando no horizonte, todavia, mesmo que meus olhos não possam vê-lo, lá com certeza como nos demais dias, espera tão somente, uma brecha para surgir brilhante, mesmo que enfraquecido pelo imenso esforço em ser luz nas trevas.


E aí, penso em mim e penso em você que me lê e nos infinitos esforços que empreendemos nesta caminhada existencial, ferindo pés, mãos, mentes, mas principalmente, nossas almas...

Das tantas cartilhas que didaticamente nos ensinam a vivenciar, nenhuma delas, prevê a dor individual e nem os muitos caminhos que se descortinam como opcionais histórias que precisamos escrever nesta bendita existência.

Afinal, o que nos parece ideal, pode não ser para o outro e então, como optar sem ansiedade em meio as muitas e diversos que se apresentam?

Como buscar a luz, se o tudo mais também a busca, até mesmo o sol?

Como caminhar amparando-nos apenas nos reflexos alheios, se nosso caminhar é tão nosso, como nossa própria dor existencial?

Buscamos um Deus que dizem ser puro mistério e não nos alertam de que ele, assim como o tenaz sol, reside apenas na nossa capacidade em busca-lo em nosso interior, abrindo brechas que chamamos de fé para que, majestosamente se apresente, guiando os nossos olhares para que possamos vê-lo em meio a dor ou a cegueira das espessas nuvens que encobrem os nossos céus pessoais.

Enquanto escrevo, distraio-me por instante e quando olho através da janela, também num ínfimo momento para tão somente tentar ver o bem-te-vi barulhento, lá também está ele, reluzente banhando a copa da mangueira, deitando-se sobre o encharcado gramado...

Bendito sol que é o próprio Deus com a sua cartilha de luz a nos aquecer e nos tirar das trevas de nossa ignorância existencial.

Ouço neste instante, Ave Maria de Schubert e sorrio por me sentir abraçada pela vida que é o meu Deus visível, sentido e amado, jamais mistério.

Bom dia, na companhia do precioso Deus que, como um tenaz amigo, reside em você e em mim e no tudo mais que é a própria  vida.

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Sou uma velha de 75 anos que só lamenta não ter tido aos 30/40 a paz e o equilíbrio que desfruto hoje. Sim é verdade que não tenho controle ...