São 5.30 desta tarde de outono, escutando como de hábito meus clássicos, enquanto, recordo de tia Hilda, a mulher mais doce, forte, determinada com a alma e o cérebro de poeta, deixando jorrar de si tanto amor que me é impossível dela me esquecer um só dia sequer de minha vida, pois enxergo em mim, infinitos ensinamentos que ela generosamente me ofereceu, com apenas a sua forma de ser.
E aí, a suavidade das lembranças desta mulher extraordinária e o piano, executando Chopin, foram interrompidos por uma profusão de cigarras, fazendo-me levantar e ir para a varanda para recepcioná-las, enquanto, magistralmente apresentavam o seu belíssimo show de canto, num coral sincronizado, harmonioso e envolvente e, de repente, lá estava eu aplaudindo euforicamente a apresentação que se era invisível, foi capaz de penetrar em mim, transformando aqueles breves minutos, na mais bela serenata de final de tarde que eu já recebera em minha vida.
Bendito Deus que proporciona tantas maravilhas, capazes de nos fazer pensar que estamos vivenciando o céu com os pés na terra.
Olho agora através da janela e o horizonte desenha tons avermelhados, fazendo pano de fundo para as silhuetas dos galhos quietos de minha frondosa mangueira, levando-me a pensar que de alguma forma, integrada a vida já me encontro, abraçando e sendo abraçada pelas benditas energias que bondosamente circulam em meu universo pessoal.
Para você que me lê, neste final de tarde, rogo paz, pois, tendo-a, obtém-se tudo, até o que nos parece impossível.
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