terça-feira, 26 de abril de 2022

AMARRIBO: Combate à Corrupção do Interior do Brasil para o Mundo

Foi do desejo de um grupo de pessoas de melhorar a cidade em que viviam que nasceu, em 1999, a Amarribo. Atualmente uma das mais importantes organizações de controle social do Brasil, a ONG pretendia inicialmente melhorar a qualidade de vida na cidade de Ribeirão Bonito, no interior de São Paulo, e torná-la um lugar mais agradável. “A gente queria trazer emprego pros jovens, trazer o turismo para a cidade e se desenvolver economicamente”, conta Lizete Verillo, diretora de combate à corrupção da ONG.


Isso poderia parecer uma tarefa simples em um município de apenas 12.135 habitantes (IBGE, 2010), mas não foi, já que os problemas encontrados nos serviços públicos da cidade estavam intimamente ligados à má gestão dos recursos. Em pouco tempo, o grupo se deu conta de que não havia interesse do Executivo local em atuar em parceria com a ONG. Além disso, começaram a surgir denúncias anônimas de corrupção que eram deixadas nas portas de suas casas ou no pára-brisas de seus carros. “Ficamos num impasse porque estávamos impossibilitados de fazer as coisas que queríamos fazer e ao mesmo tempo havia denúncias de corrupção chegando a nós.”

A decisão foi de investigar. O grupo seguiu coletando provas e conseguiu descobrir um esquema de desvio de dinheiro através de fraudes em licitações e recebimento de notas fiscais fictícias envolvendo o então prefeito da cidade, Antônio Buzzá (PMDB), e mais quatro funcionários da prefeitura. Buzzá foi cassado e condenado a ressarcir aos cofres públicos em R$ 41 mil (divididos entre os cinco acusados). Além disso, teve seus direitos políticos suspensos por oito anos. O caso foi destaque em todo o Brasil e o papel da Amarribo, fundamental para a descoberta das fraudes na prefeitura, foi reconhecido e repercutido nacional e internacionalmente.

Em 2008 foi a vez de Rubens Gayoso Júnior (PT), cassado pela Câmara Municipal após denúncia da Amarribo e de 156 eleitores que apontavam irregularidades em um contrato firmado com um jornal da região que era utilizado para fazer propaganda pessoal do prefeito e de sua administração.

Hoje a ONG é a representante brasileira da Transparência Internacional, organização que tem como missão erradicar a corrupção do mundo.

Um caminho repleto de desafios

A decisão de investigar denúncias de corrupção em um município brasileiro ainda implica uma série de desafios que podem colocar em risco a vida ou a integridade física e psicológica daqueles se propõem a fazê-lo. Até se tornar uma referência internacional no combate à corrupção a Amarribo percorreu um caminho que não foi nada fácil.

Lizete conta que quando começaram o trabalho de investigação de irregularidades em Ribeirão Bonito os membros da Amarribo sofreram diversos tipos de ameaças públicas e veladas. Um deles chegou a ter seu carro coberto por ácido, outros sofreram tentativas de atropelamento nas ruas da cidade e havia ainda chamadas telefônicas por meio das quais os agressores tentavam aterrorizar suas famílias. Mesmo com a visibilidade que a Amarribo adquiriu nos seus anos de trabalho, ainda hoje seus membros ocasionalmente sofrem ameaças por telefone ou em público.

Infelizmente, esse tipo de risco não é exclusividade de Ribeirão Bonito ou do estado de São Paulo. São diversos os ativistas que já foram ameaçados e neste momento, por exemplo, um deles encontra-se sob proteção fora de sua cidade depois de ser agredido publicamente.

Tratam-se em todos os casos de tentativas de limitar a ação dessas pessoas em claros atentados contra sua liberdade de expressão. Isso se torna mais comum em municípios que recebem pouca atenção dos meios de comunicação nacionais, pois os agressores, muitas vezes apoiados em uma rede de poder local, creem que seus atos passarão impunes. A situação é complexa, uma vez que inibe a atuação de outros cidadãos na cidade e, como consequencia, dificilmente consegue gerar uma comoção regional capaz de pressionar por ações concretas no combate à essas ações.

Uma forma que tem sido usada para enfrentar esse e outros desafios é a divulgação e o intercâmbio de informações sobre agressões através da internet ou de meios de comunicação independentes próprios. Além disso, a criação de uma rede nacional de ONGs de controle social foi também importante para a visibilizarão desses casos e a mobilização de forças para combatê-los.

OBSERVAÇÂO DE REGINA CARVALHO

SE LÁ FUNCIONOU, AQUI E EM QUALQUER OUTRO LUGAR, TAMBÉM FUNCIONARÁ.

COM DEUS NO CORAÇÃO E O BENDITO AMOR POR ESTA TERRA, SEGUIMOS CAMINHO.

Conheci este projeto no início dos anos 2000, quando alguns de seus representantes estiveram em Vera Cruz, apresentando-o, no entanto, não houve uma só autoridade ou liderança política da Ilha que tivesse interesse, ficando a dona Regina como a única a enxergar esta via, como solução para extirpar-se em parte considerável os problemas HISTÓRICOS.

Mas a tenacidade é o grande trunfo daqueles que tem meta e foco e agora, anos depois, finalmente estamos dando os primeiros passos para o que virá a ser a nossa redenção como povo sofrido e cidade mal tratada.

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Sou uma velha de 75 anos que só lamenta não ter tido aos 30/40 a paz e o equilíbrio que desfruto hoje. Sim é verdade que não tenho controle ...