terça-feira, 5 de abril de 2022

CALÇADOS DE AMOR

Ao madrugar, consegui ouvir os pássaros que chegaram incrivelmente barulhentos, querendo talvez me dizer que andam perambulando em outras paragens, mas que sempre voltam para o aconchego do meu rústico jardim e eu, embasbacada com tanta consideração destes meus amiguinhos, deixei rolar algumas gotas de lágrimas de legítima alegria por estar viva e poder experimentar emoções tão significativas.


E aí, penso também naqueles que não conseguem enxergar os pássaros, o azul do céu e sentir os aromas que a vida tão generosamente lhes oferece, deixando que o efêmero domine seus instantes presentes, tirando deles o prazer de se sentir existindo seja lá, fazendo o que for.

Quisera ser uma fada para com um simples olhar, uma única palavra, um apenas toque, retirar todas as dores do mundo de um alguém, aliviando suas nuvens vivenciais, corrigindo suas distorções existenciais.

Penso então, que desperdício meu Deus...

Uma única estrada com um fim determinado e muitos alguéns, sem pés para a caminhada.

Senhor, meu pai celestial, que nesta terça-feira de outono santo, com a luz de teus ensinamentos, dê pés para uns e calce os demais com a mesma almofada de amor, que calçastes os meus.

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