domingo, 28 de fevereiro de 2021

QUE CULPA POSSO TER

QUE CULPA POSSO TER se minhas referências baianas me acompanham desde a mais tenra idade?

A garota de Ipanema, a moreninha faceira do posto 11, acostumou-se aos sabores adocicados, aos aromas deliciosos e as texturas incrivelmente envolventes de uma Bahia desconhecida, misteriosa, quase uma miragem na cabecinha de uma apenas menina.

Faz tanto tempo, mas ainda me lembro da chegada no Rio de Janeiro das figuras dos Novos Baianos, alvos de muitas criticas dos mais tradicionais, mas que para mim eram simplesmente um novo foco de luz, que vinha trazendo qualidade travestida de excentricidade com a qual, eu não estava acostumada, mas que adorei conhecer através dos sons que produziam e que me soavam deliciosamente aos ouvidos, mas principalmente na alma.
Antes deles, haviam os poderosos políticos baianos que frequentavam a família, com seus naturais charmes pessoais, próprias das posturas à época, enriquecendo almoços e jantares elegantes na casa de minha avó Regina, na rua Barão da torre,736 e que eu, ainda apenas uma menininha não participava, mas podia observar esgueirada nos cantinhos que abrigavam a minha nata curiosidade.
Depois, a cada verão, esperava ansiosa pelos caixotes que chegavam nos voos oficiais com todas as delícias possíveis de enlouquecer a Regininha, como a cocada puxa, as monumentais mangas carnudas, cujos aromas dominavam o ambiente e os cajus de um colorido, perfume e sabores nunca antes provado, os camarões secos que eu comia sem mesmo lavar, mas era a farinha, a rainha mais esperada, por minha mãe, avó e tias, pois, com certeza enriquecia qualquer farofa de cebola e bacon.
A cor dourada da pele das fotos que cheguei a observar era diferente das nossas cariocas, parecendo-me temperadas com azeite de dendê.
Tudo me parecia absolutamente especial e naturalmente cobiçável, mas foi em 2001, visitando Porto Seguro que definitivamente decidi que seria na Bahia que eu iria viver o resto da minha vida, concretizando esta decisão em 2002, quando, aportei em Itaparica, aonde abri minha alma e me deixei ser invadida por um amor sem tamanho.
Então, que culpa posso ter, se as forças energéticas universais me trouxeram e me induziram por todo o tempo a gostar deste sol, deste mar de águas calmas e mornas e deste povo de maneirismo gostoso que exala um aroma de fruta madura, com a qual, me identifico de corpo e alma?

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