O tempo lá vai passando, deixando como lastro, apenas lembranças e este óbvio da vivência, jamais foi capaz de conscientizar a criatura humana que insiste em se apegar ao ontem, fazendo dele, muitas vezes seu carrasco.
O já vivenciado só possui um objetivo prático que é servir de base estrutural de conhecimentos empíricos, como uma formação educacional formal e doméstica, mas assim como tal, se não houver um continuísmo de aprendizado, a criatura deixa de evoluir, restringindo a própria mente, há um apenas período de sua existência, impedindo assustadoramente a esta, novos aprendizados e consequentemente, novos passados.
Afinal, também o passado tem fases que se sucedem e quando isso não acontece, cria-se um hiato entre o presente e o passado que a criatura determina que não é lembrança, passando a vivencia-lo com a força das emoções à época e assim, deixando o presente como mais uma adição ao hiato existente. Daí ouvir-se dizer:
“Fulano vive no passado”
Não é possível reviver o passado que não seja através das lúdicas lembranças, com a clareza de que nada se refaz exatamente igual, nem mesmo as emoções sentidas a cada ocasião, pois a estas, são acrescentadas a cada recordar, um toque passional, bem característico do comportamento humano, pois, há uma tendência a dramatização dos fatos, com a intenção de valorizá-los, sejam boas ou más lembranças, todavia, as más situações vividas, geralmente tem primazia no presente, como contínuas justificativas às posturas que a criatura apresenta. Exemplo:
“Estou assim ou faço assim, devido ao que já passei nesta vida”.
Observe que existe um ontem, justificando o hoje.
A criatura que desta forma mental e emocional conduz a sua vida, sequer percebe que arrasta o ontem, que pesa e descaracteriza o hoje, tirando dela a real avaliação do momento.
Penso neste instante de reflexão que é preciso encarar o ontem como uma fase vivida, repleta de fatos e acontecimentos com infinitos ensinamentos práticos, tenham sido bons ou ruins, mas que jamais se repetirão na íntegra, a não ser de forma calcada e disforme no hoje, já que todos os conteúdos atuais, são absolutamente novos e únicos, restando apenas, a própria criatura que presa as suas circunstâncias mentais e emocionais, insiste em revivê-las tal como foram, criando sintomas que se somatizam no corpo e na mente, impedindo-a de sentir os momentos presentes, dando a eles e a ela o direito de escrever um novo futuro passado.
Que no dia de hoje, sejamos capazes de oferecer sorrindo um bay bay para o ontem, focados que estaremos nos instantes presentes, transformando-os em únicos capazes de nos fazer felizes.
O Galo do vizinho, hoje também não cantou, mas o sabiá matreiro, bem mais contido em sua costumeira algazarra, chegou trazendo consigo a orquestra da vida.
Tudo aparentemente igual, mas absurdamente diferente, portanto, estar atento é a grande questão.
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