sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

NA COMPLETUDE DO APENAS SER.

 


            Deus, que maravilha são os musicistas que com seus dedos ou sopros desenham harmonia em nossas mentes, transportando-nos aos nossos mundos interiores e com o poder mágico de lá retirar, tudinho que está nos amolando e apagando o bendito sorriso de nossos rostos, calando a doçura de palavras amorosas que poderíamos estar dirigindo a alguém e escurecendo o brilho de nossos olhos.

Deus, que benção são os musicistas com seus talentos e dedicações que, dedilham ou assopram notas que se transformam em melodias que são remédios sagrados a curar os males da alma.

Deus, que poder possuem os musicistas que unem nações, interligam mentes, estimulam o amor e fazem desabrochar por todo o tempo o melhor da criatura humana, não permitindo jamais que a solidão se estabeleça.

Fecho a semana turbulenta com o coração manso, a mente tranquila e o meu sempre franco sorriso de volta, ao som de Yamandú Costa e Astor Piazolla.

Lá fora, a noite já se deitou sobre nós, trazendo desta vez poucas estrelas a salpicar-lhe como lantejoulas, mas arrastando do mar brisas fortes, mais parecendo ventos bravios que fazem os meus coqueiros vergarem-se, como se lhes fizessem reverência, farfalhando suas folhas que se bem atenta, posso sentir seus sons se confundirem com a música que ouço, criando um dueto impressionantemente belo.

Então, se amo os musicistas, amar-me-ei também por ser capaz de com o dedilhar das teclas de meu notebook, ser capaz de registar num apanhado de letras, formando frases, todas as emoções que sou capaz de captar, ciente que antes dos ouvidos, sou capaz de sentir as vibrações musicais, adentrando em minha pele, percorrendo veias e vasos e finalmente, se fazendo ouvir nítida e adoravelmente bela.

Amo os musicistas, os compositores, escritores e pintores. Amo os artesãos do barro, da pedra e do ferro. Amo a capacidade humana de trazer da natureza com o seu talento, a luz da nobreza de todas as singelezas da vida que, fazem os rostos sorrirem, os olhos brilharem e as almas se enternecerem.

E aí, em meio a todo esse encantamento, penso nas crianças e no quanto, cresceriam mais adequadamente integradas ao tudo que lhes cercam se em seus desenvolvimentos cognitivos, lhes fossem oferecido o caminho das artes, o toque das texturas, o sentir dos aromas e sabores diversos que por elas seriam identificáveis com a intimidade de um só pertencimento, remetendo-as a um senso de universalidade pessoal que se transferiria ao tudo mais, em vibrações agregativas de vida e liberdade.

E neste instante em que mais uma vez penso nas crianças e nas artes, na consciência e na vida, deixo minha mente voar para um futuro que acredito há de um dia chegar e, onde finalmente, estas e outras tantas esperanças dos loucos pensadores, certamente farão moradas nos cotidianos, assim como na história das civilizações, tantos outros pensaram e criaram o que ainda hoje, pode ser usufruído.

Pensar para evoluir, legado imaterial, sem pátria e sem bandeiras, sem donos ou propriedades, tão somente legados que permanecem na história da humanidade.

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