domingo, 21 de fevereiro de 2021

EXALTAÇÃO


O fascínio dos facínoras é justo o brilho que deles se despende em tudo que apresentam, fazendo despertar permanente referência de sucesso, tudo que todos sonham em ter.

Vez por outra, o facínora deixa transparecer a neblina que envolve as suas intenções e o breu de sua real personalidade, mas logo, as justificativas daqueles que estão em seu entorno são criadas, afim de justificarem este seu lado tenebroso.

Penso em tudo que favorece e mantém viva a imagem do facínora e percebo que independentemente de já estarem mortos a milénios, ainda são exaltados, exatamente porque, passam para a categoria da imortalidade, mantendo suas imagens vivas, num misto sutil de herói e marginal, que fascina e continua a atrair adeptos.

Penso também que mesmo que eu vivesse mais um milhão de anos, ainda não conseguiria entender a mente humana e sua necessidade assustadora em ter como modelo vivencial, o sórdido e o maléfico, fazendo destas criaturas absolutamente danosas, espelhos de condutas sociais.

Fala-se tanto em Deus, santos e orixás, superlota-se templos, igrejas e terreiros e, no entanto, retrocede-se a cada instante, quando diante de si, um facínora é lembrado, como se não tivesse havido um Jesus, que com pisadas fortes e atitudes firmes, não tivesse desmascarado o perspicaz e o ardiloso, o insensato e o hipócrita, numa demonstração pragmática de uma saudável caminhada, mesmo sem pompas e brilho a ofuscarem os olhos.

Fácil lembrar dos nomes e das imagens de centenas de facínoras de todas as naturezas, presentes ao longo da história da humanidade, pois são registrados de tempos em tempos, através de livros, bustos, reportagens e filmes, mas impossível recordar-se ou mesmo ter-se ouvido falar, naquelas criaturas que dedicaram suas existências a tão somente, produzirem a vida e o brilho nos olhos alheios, como se comum fosse através das ciências e das tecnologias, das artes e dos feitos humanitários, fazer da vida, um todo em seus intentos maiores, pois a estes falta o brilho do “ouro dos tolos” que encanta e seduz a uma humanidade idiota que, insiste em justificar aplaudindo e copiando, o feio e o bruto em prol do “medíocre colorido” que todo facínora jamais esquece de distribuir, através de seus carismas pessoais.

“Perdoai-os senhor, pois não sabem o que fazem”...

Será?

Bendita quaresma que nos leva a meditar.

 

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