segunda-feira, 20 de setembro de 2021

JESUS E EU...

Lendo a caminhada de Jesus, meu sempre inspirador, pude perceber esta sua mesma necessidade em ir além do óbvio que para ele também parecia enfadonho e nada verdadeiro.

Jesus se apercebeu de que viver era bem mais que trabalhar, comer, beber e se relacionar sexualmente com alguém. 


Bem mais que simplesmente existir sem trazer para si as infinitas emoções que percebera existir no tudo visível ou invisível a sua volta.

Jesus queria mais e, para tanto, não mediu esforços e tão pouco riscos e, como um andarilho meio louco, caminhou pela vida, colhendo os tais subsídios que fizeram dele um ser humano livre, mas não menos dedicado também a tudo a seu redor, indo ainda mais além, pois pelo caminho foi distribuindo cada fagulha dos seus entendimentos, mudando radicalmente as perspectivas de todos que puderam dele se achegar.

Jesus extraiu do ar que não podia enxergar, mas sentir, todos os nutrientes que abasteceram o seu corpo e sua mente, dando-lhe incentivos constantes e a certeza absoluta de estar no caminho de sua própria redenção de pessoa humana, frente a um sistema já então viciado, corrupto e violador.

Ah! Como foi esclarecedor adentrar nas intenções de Jesus e fazer dele meu guia, meu farol, pois, através dele, consegui enxergar o meu interior de apenas pessoa humana e compreender a importância de saber lidar, conviver e amar a mim mesma e a todas as borboletas e pássaros que vieram a mim em busca de uma morada segura.

Juntos, intenções e ações se coadunaram, e como um trator bem conduzido fui rasgando a minha estrada, traçando contornos e vez por outra aceitando os desvios necessários para que o caminho não se tornasse monótono e sem atrativos emocionais.

Daí, a minha incomensurável confiança nas minhas borboletas e nos meus pássaros, amigos e parceiros de vida e liberdade que, se não puderam evitar as pedras ao longo do caminho, souberam ensinar-me a delas desviar, para que as muitas peças envolvidas no processo não fossem danificadas ou mesmo destruídas, apenas avariadas com restauração garantida.

Ah! Em momentos como o de agora em que descrevo a mim e o meu interior, penso que talvez esteja deixando passar o mais importante de tudo, que é a minha constante certeza de que tudo sempre valeu a pena ser vivido e que, se eu tivesse que deixar este mundo neste exato momento, não partiria sozinha, pois minhas borboletas, meus pássaros e a imensa bagagem que nos manteve juntos, partiriam comigo, numa nova e certamente, incrível viagem ao desconhecido, motivação maior que nos manteve juntos, unidos e introspectivamente interligados às vibrações benditas, deste universo que sempre me fascinou.

Mas quem disse que penso nas partidas? Quero mais é aproveitar esse amanhecer que representa sempre um recomeço, de onde extraio com meus parceiros o tudo de bom que me mantém sorrindo, mesmo diante da fraca compreensão que me cerca em relação a essa vida fantástica que, assim como Jesus, reconheci em mim, fazendo dela meu estímulo constante a somente cultivar o amor, neste plantel de minha bendita mente.

Texto do livro Percebendo a vida. Regina Carvalho.

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